Transportadora tem apostado em ritmo cada vez mais acelerado. Desde 2000, e para mais 104% de horas de voo, quadro de pessoal cresceu 2%
O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) convocou ontem uma greve na TAP para o próximo dia 9 de Agosto, um sábado em época de férias da generalidade dos residentes em Portugal e não só.
“Esta greve é um sinal encarnado à companhia”, disse Jaime Prieto, presidente do SPAC, à saída da assembleia-geral de pilotos que decidiu a greve depois de cinco horas de reunião durante a tarde de ontem. A decisão de reunir os pilotos e ponderar numa greve emergiu devido “ao estado calamitoso a que chegou a operação da TAP”, marcada este ano por uma série nunca antes vista de cancelamentos, atrasos e incidentes com os voos e os aviões da companhia.
Esta semana a administração da TAP anunciou um conjunto de compensações para os trabalhadores pelas horas extra que a empresa está a precisar para repor alguma normalidade à operação, algo visto pelo SPAC como meros “remendos para males maiores”.
Ritmo laboral Entre 2000 e 2012, último ano com dados completos e públicos sobre a actividade da TAP, a companhia aumentou em 151% o total de passagens vendidas, mais que duplicando no período o total de horas voadas: das 124 mil horas de 2000 até às 253 mil em 2012. Este aumento de 104% nas horas voadas foi, no entanto, suportado por um aumento de apenas 2,6% no total de trabalhadores, que passou de 7 290 colaboradores nos quadros para contar com 7 476 em 2012.
Assim, e considerando que entre 2000 e 2012 a TAP passou de 5,1 milhões para 10,2 milhões de passageiros, o rácio de passageiros por trabalhador da empresa saltou de 727 clientes por empregado em 2000 para 1 364 passageiros por trabalhador durante 2012. Apesar do salto elevado, certo é que em comparação com sete companhias aéreas norte-americanas, por exemplo, este rácio supera apenas os números da United Airlines, que em 2013 registou 1039 passageiros/trabalhador, seguida pela American e pela Delta, ambas com valores superiores aos da TAP, com 1 460 e 1 552 passageiros por empregado.
Mas os problemas da companhia ligados à satisfação dos seus colaboradores residirá num outro ponto: os aumentos de produtividade conseguidos com a aceleração do ritmo de trabalho não terão tido impacto nos salários. Se neste período as vendas da TAP passaram de 170 mil euros/trabalhador para 359 mil euros – mais 9,3% ao ano -, por outro lado a companhia passou de custos com pessoal de 42 mil euros/trabalhador para 47 mil euros nestes 12 anos, o que equivale a um aumento anual de 1%.
in: Jornal i, 26 Julho 2014