“Portugal” Telecom. Incorporação na Oi reduz presença lusa a 10%

A fatia que vai caber aos actuais accionistas portugueses da PT naquela que era para ser uma operadora luso-brasileira mal chega aos 10%. A Portugal Telecom ofereceu-se para ser incorporada na brasileira Oi, com a ascensão de Zeinal Bava à liderança da nova operadora brasileira que resulta da passagem para o Brasil dos activos da Portugal Telecom, e com o avanço da operação fica cada vez mais visível que de “luso” a estrutura accionista da nova operadora terá muito pouco.
A Oi concluiu na noite de 29 de Abril mais um passo para a incorporação da PT, fechando o aumento de capital previsto na operação e arrecadando 2,67 mil milhões de euros. Este aumento de capital fez com que os accionistas da Portugal Telecom ficassem “directa e indirectamente com 37,41% das acções” da Oi, um valor que ainda poderá mudar ligeiramente, tanto em alta como em baixa, mas não muito. Assim, e considerando que actualmente apenas 28,8% das acções da PT estão em mãos portuguesas, estes vão passar a ter um peso a rondar os 10,5% na operadora brasileira.
O núcleo duro de accionistas portugueses da Portugal Telecom é sobretudo composto por Grupo Espírito Santo, Ongoing, Visabeira e Controlinveste. Os dois primeiros contam com 10,05% das acções do grupo PT cada e os dois últimos com posições a rondar os 2,5%. Nestes quatro accionistas temos perto de 25% do capital da operadora, aos quais se juntam um conjunto de accionistas portugueses não identificados com cerca de 3,8% da Portugal Telecom.
Com o avanço da incorporação da PT na Oi, incluindo a passagem do centro de decisão da empresa para o Rio de Janeiro, os accionistas portugueses deixam de ter força na composição da nova operadora: o GES e a Ongoing ficarão com 3,8% cada e tanto a Visabeira como a Controlinveste nem a 1% chegarão – ficam com 0,98% e 0,85% respectivamente, caso se confirmem os 37,41% que os accionistas da PT vão ter direito depois da absorção da operadora pela Oi. Caso consideremos todas as acções da PT hoje detidas por portugueses como um único bloco, os tais 28,8% do capital actual da Portugal Telecom, este será um bloco com 10,8% da Oi. Este peso poderá ainda crescer ligeiramente caso o GES e a Ongoing tenham participado no aumento de capital da Oi. Segundo avançou ontem o “Expresso”, o BES conta ficar com pouco mais de 5% da nova operadora, o que elevará até 12% a pegada portuguesa na nova operadora.
Próximos passos A mudança de nacionalidade da PT está a poucos passos de ficar concluída. Depois de terminado o aumento de capital da Oi, as novas acções começaram ontem a ser negociadas no mercado norte-americano, iniciando hoje a sua cotação em São Paulo.
A Securities and Exchange Comission (SEC), regulador de bolsa dos Estados Unidos, terá agora que aprovar a operação, o que não deve levantar problemas de maior. Já em Junho, os accionistas da Oi e da PT voltam a reunir para aprovar a oferta. Caso haja ok de ambos, a PT muda oficialmente de nacionalidade.
in: Jornal i, 30 Abril 2014