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Banca consegue regularizar menos de metade dos créditos em incumprimento

Só 46% dos créditos a famílias em incumprimento acabam regularizados. Na maioria dos acordos com o cliente a solução é.. adiar para a última prestação

in: Dinheiro Vivo, 11 maio 2017

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Os bancos só conseguiram a regularização de 46% dos 573 mil créditos a particulares em incumprimento tratados ao longo do ano passado. Foram 264,9 mil os casos resolvidos, contra 308 mil situações em que não foi possível a regularização, segundo os dados ontem revelados no relatório de 2016 de Supervisão Comportamental do Banco de Portugal. Os números representam ainda assim uma subida face aos 42,3% de “taxa de sucesso” em 2015.

A grande maioria dos créditos regularizados passou pelo simples pagamento das prestações em atraso, com 242 mil créditos a retomar as suas obrigações normalmente. Contudo, houve 26,1 mil casos de créditos em incumprimento em que foi necessário proceder a alterações nos termos e condições para que as famílias deixassem de estar em incumprimento, uma subida de 21%.

Apesar de serem renegociados, consolidados ou refinanciados, tal não implica que as condições destes créditos tenham sido aligeiradas: de acordo com o relatório, entre os 26,1 mil casos em que foi necessário alterar os contratos, a maioria (62%) dos acordos entre cliente e banco passaram pelo “diferimento de capital para a última prestação”, ou seja, o adiamento do problema para o fim do crédito. Nos contratos alterados para deixarem de estar em incumprimento, 16,3 mil levaram a este diferimento para a última prestação. O peso seria ainda mais elevado caso tivéssemos em conta apenas o total de créditos efetivamente renegociados – e não o total de créditos alterados, que inclui os renegociados mas também aqueles contratos alvo de consolidação ou refinanciamento.

Além deste “empurrar com a barriga” para a última prestação do crédito, a segunda opção mais incorporada nos contratos alterados entre bancos e clientes passou pelo prolongamento do prazo do empréstimo, opção seguida em 3500 contratos, ou 13,5% do total. Já a solução menos procurada foi a revisão das condições do spread e da taxa de juro cobrada às famílias nos contratos em incumprimento, opção admitida apenas em 5% dos contratos renegociados ao longo do ano passado – solução incluída em pouco mais de mil dos processos com que a banca lidou.

Além dos 573 mil créditos em incumprimento tratados pelos bancos no ano passado, o sistema financeiro iniciou ainda mais 718 mil de novos processos de regularização de pagamentos por parte dos seus clientes em dificuldades, uma subida de 2,4% face a 2015, alimentada pelas falhas em cumprir com créditos pessoais e cartões de créditos.

Todos estes processos de negociação entre bancos e clientes surgem do Procedimento Extrajudicial de Regularização de Situações de Incumprimento (PERSI), criado em outubro de 2012 e que obriga as instituições financeiras a avançar para a renegociação quando solicitados pelo cliente ou quando este regista mais de 30 dias de incumprimento. O objetivo do PERSI é facilitar a obtenção de um acordo evitando os tribunais mas também reduzir o malparado. A renegociação é acompanhada pelo Banco de Portugal.

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