Com parte das promessas para 2018 cumpridas, o BCP ainda tem um percurso significativo a percorrer na redução do custo do risco e aumento da rentabilidade
in: Dinheiro Vivo, 9 maio 2017
As promessas feitas aos acionistas do BCP para o exercício de 2018 estão em rota de cumprimento, assegurou ontem Nuno Amado, CEO do banco, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados obtidos no primeiro trimestre do ano.
Depois de pedir – e receber – mais 1332 milhões de euros ao mercado, o banco prometeu chegar a 2018 com rácios de solidez acima dos 11% – em março estavam nos 11,2% -, com um rácio de cobertura do crédito por depósitos inferior a 100% – está em 97% -, custos equivalentes a 43% das receitas (44,6%), um custo do risco inferior a 75 pontos base (hoje 114 pb) e um retorno acionista à volta dos 10% (hoje 4,1%). Estes últimos são os que se encontram por concluir mas, diz Amado, serão cumpridos.
Se em termos do peso dos custos “estamos quase lá”, conforme referiu o CEO, já no que toca ao custo do risco – rácio entre imparidades para créditos de risco e o saldo médio do crédito – e à rentabilidade [return on equity], a distância ainda é significativa. Mas isso não implica que não seja percorrida a tempo: “Este será um ano com desafios, mas o banco fez o seu trabalho de casa. Avaliámos e achamos que o custo do risco ainda será superior à média do setor. Queremos 75 pb e estamos com 114, mas é para cumprir em 2018”, disse Amado. Já para o ROE, o objetivo também se mantém. E para cumpri-lo o mesmo caminho será seguido, apontou.
“Queremos atingir um nível de resultados antes de imparidades superior a 1200 milhões de euros e, olhando para o valor neste trimestre [296 milhões], estamos praticamente lá.” Será da melhoria dos resultados antes de imparidades – em 2016 atingiu 1025 milhões -, conjugados com “a contínua redução das exposições não produtivas” que virá o cumprimento das promessas que faltam – ou pelo menos da mais importante, o retorno acionista, explicou.
“Será por entre o aumento do resultado e alguma redução do custo do risco que iremos conseguir um ROE à volta de 10%, que é como quem diz entre os 9,5% ou 10,5%”. “Os números ainda parecem distantes mas a conjugação dos fatores dará um contexto favorável para o cumprimento.”
BCP lucra 50 milhões
O BCP lucrou 50,1 milhões até março deste ano, uma ligeira subida face aos 46,7 milhões do mesmo período de 2016. A maioria dos ganhos vieram da área internacional, já que a atividade doméstica trouxe apenas 9 milhões – compara com 1,9 milhões um ano antes.
O BCP fechou o trimestre com um rácio de solidez de 13% em termos provisórios, menos 0,2 pontos que em março de 2016, mas com 11% em termos totais, acima dos 10,1% antes registados. Sobre estes números, Amado destacou então o aumento do resultado core do banco – margem financeira e comissões, menos custos operacionais – para 254,8 milhões de euros.
O aumento das imparidades e provisões no trimestre, porém, impediu que o resultado core tivesse mais reflexo nos lucros: o BCP reconheceu 203,2 milhões de perdas nesta rubrica (+16%), o que acabou por conter o crescimento do resultado líquido.
Cortes mais dolorosos chegaram ao fim
Que ninguém ache que a busca por mais eficiência chegou ao fim mas, e pelo menos nos tempos mais próximos, não são de esperar novos anúncios de grandes cortes por parte do BCP. A garantia foi deixada por Nuno Amado, na apresentação dos resultados do primeiro trimestre.
“O grande esforço já foi feito, entre 2012 e 2014, e este ano os cortes serão menores e fruto da evolução natural dos recursos”, explicou, detalhando que entre janeiro e março o BCP eliminou três balcões e seis postos de trabalho, empregando agora 7327 trabalhadores. “Vamos ter de continuar a ser mais eficientes, já que o cenário de baixas taxas de juro vai prolongar-se. Mas não vamos voltar aos grandes planos de cortes.”