Chinesa Fosun apresenta proposta para tomar até 30% do capital do BCP

Fosun condiciona proposta a ter 2 membros no Conselho de Administração, os quais integrariam igualmente a Comissão Executiva do banco

in: Dinheiro Vivo, 31 julho 2016

A Fosun, que em Portugal detém a Fidelidade e a Luz Saúde, apresentou ontem à noite uma “proposta firme” para tomar 16,7% do capital do BCP através de um aumento de capital exclusivo. Além disso, “a Fosun considera ainda aumentar a sua participação”, seja através do mercado ou por aumentos de capital futuros, “com vista” a atingir os 20% a 30% do banco liderado por Nuno Amado, que anunciou a proposta em comunicado à CMVM.

Atualmente, o capital do BCP conta com a angolana Sonangol como a maior acionista, com 17,84% do capital, seguida do Sabadell (5,07%), da EDP (2,71%), BlackRock (2,22%) e da InterOceânico (2,05%). Considerando a totalidade dos acionistas, qualificados e não qualificados, perto de 54% do capital do Millennium bcp está em mãos portuguesas. Pelo menos por enquanto.

De acordo com o comunicado do BCP, a administração do banco recebeu ontem “uma carta da Fosun Industrial Holdings Limited, contendo uma proposta firme para um investimento no capital social do BCP”, onde a empresa “propõe-se subscrever um aumento de capital reservado unicamente à Fosun (…) através da qual, aos níveis atuais, a Fosun passaria a deter uma participação de aproximadamente 16,7% do total de ações representativas do capital social do BCP”.

A proposta da Fosun, detalha o BCP, inclui ainda uma proposta da empresa para continuar a “aumentar a sua participação” no banco “através ou de operações em mercado secundário ou no contexto de aumentos de capital futuros, com vista ao potencial aumento da participação social da Fosun no BCP para entre 20% a 30%”. Confirmando-se este cenário, a empresa chinesa poderia substituir a angolana Sonangol como maior acionista do banco.

Fosun quer dois administradores

De acordo com a “Proposal Guidelines of Agreement” apresentada pela Fosun, a empresa aponta que é ao abrigo das decisões tomadas na assembleia-geral do BCP no final de abril – supressão do direito de preferência dos acionistas atuais em futuros aumentos de capital até deterem 20% do banco -, que pretende que o Millennium avance com um aumento de capital só para si, de modo a tomar 16,7% do capital. Mas a proposta elenca também outras condições que devem ser satisfeitas para “a concretização do investimento”.

Desde logo a aprovação por parte das autoridades supervisoras “da aquisição de uma participação qualificada pela Fosun” mas também a “clarificação” por parte das entidades competentes “quanto à desnecessidade de realização de contribuições especiais e de reconhecimento contabilístico imediato de potenciais contribuições futuras para o Fundo de Resolução nacional”.

Apesar de também impor como condição a “concretização e registo do processo de reverse stock split” aprovada na mesma AG – que vai fundir 75 ações do BCP numa só, elevando o valor de cada para 8,26 euros -, certo é que a Fosun pretende entrar no capital do banco com um “preço de subscrição do aumento reservado não superior a €0,02 (com ajustamento decorrente do reverse stock split)”.

BCP: “Potencial interesse estratégico”

De acordo com a administração do BCP, e “reconhecendo o interesse estratégico potencial da proposta apresentada por um investidor internacional com o perfil da Fosun e com presença relevante no mercado português”, a comissão executiva vai “proceder de forma célere e cuidada” à análise da proposta que ontem recebeu. Desta análise sairá a decisão “sobre abertura de negociações” com a Fosun “e a apresentação, assim que possível, de uma recomendação ao Conselho de Administração”.

Apesar desta posição, o BCP salienta que a proposta recebida “não pode ser entendida como garantia” que a proposta da Fosun avance ou que já exista qualquer decisão sobre a mesma.

O BCP apresentou na sexta-feira prejuízos de 197 milhões no primeiro semestre, valor que compara com os lucros de 240 milhões de euros conseguidos no mesmo período de 2015. O banco, na apresentação dos resultados, realçou todavia a melhoria obtida ao nível dos testes de stress do BCE realizados este ano. Ainda assim, o BCP registou uma deterioração nos seus rácios no final do primeiro semestre.

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