Além da Mota-Engil, Novo Banco também é acionista da Ascendi, com 40% do capital. Lusoponte fica de fora dos ativos vendidos
In: Dinheiro Vivo, 3 agosto 2016
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A Mota-Engil anunciou que chegou a acordo com a francesa Ardian para a venda de grande parte dos ativos da sua participada Ascendi por um valor total de 600 milhões de euros. Na lista de ativos vendidos encontram-se as concessões das auto-estradas do Grande Porto e Grande Lisboa, entre muitos outros. De fora ficou a Lusoponte.
A Ascendi é detida em 60% pela Mota-Engil, estando os restantes 40% nas mãos do Novo Banco. À verba acordada com a Ardian poderão ainda “ser adicionados mais 53 milhões de euros por via de um mecanismo variável do preço”, aponta o grupo Mota-Engil em comunicado.
“A alienação de ativos maduros, que contribuíram decisivamente para que a Mota-Engil se tenha afirmado como grupo especialista no ciclo de vida das infraestruturas, permitirá ainda o reforço da sua estrutura de capitais, criando as bases para a sustentabilidade e crescimento do grupo no próximo ciclo estratégico”, assegura a empresa.
De acordo com a nota da Mota-Engil, o contrato de venda ainda está dependente de “algumas operações de reorganização societária e de diversas autorizações”, prevendo “ainda a alienação de diversas empresas de operação e manutenção instrumentais destas concessões, também detidas pela Ascendi”.
Na lista de ativos incluídos neste acordo e que irão mudar de mãos encontram-se as concessões da Ascendi Norte – Auto-Estradas do Norte; Ascendi Beiras Litoral e Alta – Auto-estradas das Beiras Litoral e Alta; Ascendi Costa de Prata – Auto-Estradas da Costa de Prata; Ascendi Grande Porto – Auto-estradas do Grande Porto; Ascendi Grande Lisboa – Auto-Estradas de Grande Lisboa; Ascendi Pinhal Interior – Estradas do Pinhal Interior e a Ascendi Douro – Estradas do Douro Interior. Além destas concessões portuguesas, no “pacote” conta-se ainda a Autovia de Los Viñedos, SA, Concesionaria de la Junta de Comunidades de Castilla-La Mancha, detalha o comunicado da Mota-Engil.
A iminência do fecho deste negócio já tinha sido noticiada ontem pelo “Jornal de Negócios”, que antecipava igualmente que a Lusoponte, que tem a seu cargo a concessão sobre as duas pontes sobre o rio Tejo, em Lisboa, ficaria de fora do acordo.
O que está em causa
A venda destas concessões da Ascendi à sociedade francesa de investimento privado Ardian implica que a gestão de grande parte das auto-estradas que percorrem o país vão mudar de mãos. A rede da Ascendi atinge 850 kms, sendo a segunda maior de Portugal.
A Ascendi Norte tem a concessão por 30 anos de um total de 175 kms nas vias que ligam Vila do Conde, Braga ou Guimarães através da A7 e A11. Já na concessão Grande Porto, com extensão de 56 kms, está em causa não só a VRI como troços da A4, A41 e A42. Na Grande Lisboa, estão em causa 23 kms da A16.
Já na Beira Litoral e Alta, a concessão em causa refere-se a 173 kms da auto-estrada A25, que serve Aveiro, Viseu e Guarda. Também no pacote de ativos vendidos encontra-se a concessão da Costa de Prata, que inclui 110 kms de troços da A17, A25, A29 e A44, a ligar Mira a Vila Nova de Gaia.
A Ascendi Pinhal Interior diz respeito a uma subconcessão de várias auto-estradas e estradas no centro do país, incluindo a A13/IC3, entre Tomar e Coimbra, ou as ligações de Pombal a Vila Velha de Ródão. Subconcessão semelhante encontra-se na Ascendi Douro, que conta com a exploração e manutenção de vários troços do IP2 e do IC5 no Interior Norte.