Gestão da CGD fica até final de Agosto “por respeito e consideração ao país”
“Não é alheia à decisão da administração, o carácter de urgência e a imperiosa necessidade de estabilidade do sistema financeiro”
In: Dinheiro Vivo, 29 julho 2016
O conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos, liderado por José de Matos, confirmou esta tarde que aceitou o convite do ministro das Finanças para se manter em funções por mais um mês. Mas o comunicado dos administradores a dar conta desta decisão vai um pouco mais longe, alertando que a urgência em estabilizar o sistema financeiro português pede decisões e soluções mais céleres.
Mário Centeno endereçou no início desta semana uma carta à administração da CGD para que se mantivesse em funções até ao final de agosto, evitando assim que o banco caia num vazio de gestão enquanto se concluem as “tramitações de nomeação do novo conselho de administração” que, diz o comunicado agora divulgado, “foram formalmente iniciadas no dia 22 de julho de 2016”.
No pedido enviado aos atuais administradores da CGD, o ministro justifica o mesmo com a “impossibilidade de nomear até ao dia 31 de julho” uma nova equipa para o banco público e “as consequências que daí podem advir para a estabilidade do sistema bancário”.
Ora e “atendendo ao papel central da CGD como esteio do sistema bancário”, os administradores já demissionários entenderam aceitar o pedido de Centeno para “para assegurar funções pelo estrito período de tempo que lhe foi solicitado para ser finalizada a sucessão”.
No comunicado agora divulgado, a equipa de José de Matos alerta, porém, que esta solução de pouco servirá para responder à urgência dos desafios que a CGD enfrenta.
“Não é alheia à decisão da administração, o caráter de urgência e a imperiosa necessidade de estabilidade do sistema financeiro. Contudo, a solução encontrada não permite resolver os desafios estratégicos e os riscos de capital que continuam presentes, como temos feito saber ao accionista e às entidades de supervisão.”
Porém, e dada a “responsabilidade e o dever de preservar a estabilidade e autonomia do sistema financeiro português” mas também, “por respeito e consideração pelo país, pelos clientes e pelos trabalhadores da CGD”, a administração “concede a sua disponibilidade para se manter em funções até 31 de agosto de 2016 (…) realçando as limitações subjacentes a este acordo”.
Os administradores relembram ainda no comunicado desta tarde que as “imposições prudenciais sobre fundos próprios continuam a vincular a acção da administração”, já que a CGD tem até 31 de dezembro de 2016 para reforçar os rácios em pelo menos 600 milhões de euros por exigência do Banco de Portugal. Estas exigências prudenciais “são motivo de preocupação, não obstante o processo autónomo e independente, que se encontra a ser conduzido em paralelo pelo Governo em conjunto com a próxima equipa de gestão.