Comissão de Trabalhadores da Oitante aponta que pacote de créditos em causa vale 426 milhões e vai ser vendido por 24 milhões
in: Dinheiro Vivo, 15 junho 2016
Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, confirmou que a Oitante, sociedade resultante da resolução do Banif e que herdou nessa operação os ativos rejeitados pelo Santander, está prestes a fechar a venda de um conjunto de créditos por 24 milhões de euros. O supervisor recusou no entanto que este preço represente um desconto de 94% no valor real destes ativos.
No início de maio, a Comissão de Trabalhadores (CT) da Oitante pediu à administração da sociedade “a imediata suspensão” da venda deste bloco de créditos, assegurando que o mesmo está avaliado em 426 milhões de euros. Já Carlos Costa, que hoje esteve pela terceira vez na comissão de inquérito ao Banif, recusou que aquele número represente o valor dos ativos em causa.
“As decisões da Oitante estão sujeitas à verificação do Banco de Portugal sempre que o montante em causa seja significativo ou parta de um ‘haircut’ superior a 50%”, começou por dizer. Confrontado com as declarações dos trabalhadores da Oitante sobre valor do pacote de créditos em causa, Carlos Costa explicou que os créditos integrados neste bloco de venda “não têm colateral e já foram objeto de imparidades em valor bastante elevado, pelo que o seu valor, líquido de imparidades, é bastante baixo”, recusando que o negócio vá ser fechado com um desconto de 94%.
“O que está neste momento em causa é vender uma carteira de créditos vencidos, sem colateral, e com um valor contabilístico de 69 milhões de euros e que vão ser vendidos por 24 milhões. Não é um desconto de 90% como dizem”, referiu aos deputados.
Em causa está um negócio que de acordo com os trabalhadores da Oitante inclui “a alienação de cerca de 426 milhões de euros de créditos vencidos”, sendo que a estrutura representativa dos trabalhadores assegura que neste pacote estão tanto créditos com colateral e sem colateral (Unsecured NPL e Secured NPL).
Na posição assumida em maio pela CT, o negócio é mesmo “ruinoso, altamente lesivo dos interesses da Oitante, dos seus trabalhadores e dos contribuintes em centenas de milhões de euros”.