TAP chega a privados com 157 milhões em créditos fiscais e 234 milhões em caixa
Caso privatização avance, o consórcio vencedor tem créditos fiscais disponíveis até 2026. Estes créditos podem ser usados para reduzir até 70% o lucro tributável/ano
O grupo privado que tomará o controlo da TAP este ano, caso a privatização avance, irá herdar 157 milhões de euros em créditos fiscais, valor a que acrescem mais 234 milhões de euros que a transportadora portuguesa acumula em depósitos bancários ou disponibilidades de caixa.
Segundo o relatório e contas (R&C) de 2014 da companhia aérea, a TAP fechou o exercício de 2014 com 157 milhões de euros em créditos fiscais, milhões esses que podem ser utilizados nos próximos anos para obter até 70% de desconto anual ao nível do IRC que a empresa terá de pagar. A validade destes créditos estende-se até ao exercício de 2026.
Em 2013, os créditos fiscais da TAP ascendiam a 338 milhões de euros, muito à conta do forte prejuízo que a empresa registou em 2008 – 288,4 milhões de euros, culpa sobretudo da explosão dos custos de combustíveis naquele ano. A validade dos créditos acumulados então terminou este ano, razão para os créditos fiscais terem caído de 2013 para 2014. Ainda assim, os prejuízos de 2014 deram à empresa um novo crédito de 97,8 milhões.
Ainda segundo o R&C de 2014, a transportadora detém um total de 95,5 milhões de euros em depósitos a prazo, a que acrescem mais 44,7 milhões em “depósitos bancários imediatamente mobilizáveis”. A estes 140,3 milhões em depósitos e numerário devem ainda acrescentar-se mais 100,9 milhões que a TAP detém em “depósitos bancários restritos”. Em sentido contrário, a TAP conta com 7,28 milhões em descobertos bancários. Tudo somado e subtraído, a companhia aérea tem um total de 233,9 milhões de euros em caixa e equivalentes. A maioria destes são do ramo de transporte aéreo, a TAP SA, que detém 225,9 milhões.
O R&C da empresa mostra ainda que a TAP registou um prejuízo de 85,1 milhões em 2014, 46 milhões dos quais no transporte aéreo e 22,6 milhões do ramo de manutenção no Brasil. A dívida cresceu 1% em 2014, para 1062 milhões, isto apesar do aumento da frota de 55 para 61 aviões e do lançamento de 11 novos destinos. Apesar da subida da dívida, a redução dos juros e spreads cobrados fez com que “a taxa de juro média ponderada do grupo terá, assim, sofrido uma redução, ainda que ligeira, em 2014, face ao nível de 2013”, diz o relatório.
in: Jornal i, 11 Abril 2015