
As gravações da caixa negra do KLM registam a aceleração dos motores e só depois se ouve a torre: “Stand by for take-off”, ordem que contudo só aparece na gravação da torre de controlo, já que no registo do KLM só se ouvem interferências. O B747 está em aceleração. Nesta altura o PanAm alerta: “Ainda estamos na pista, avisamos quando sairmos.” Na caixa negra do KLM, nada registado, só interferências. Quando os registos do KLM recuperam das interferências, o engenheiro de voo está a perguntar: “Ele já saiu [da pista]? O Pan American?” O comandante diz: “Oh, sim.” Nada mais errado.
Nesta altura o piloto do PanAm em backtaxi vê as luzes do KLM: “There he is… look at him. Goddamn that son of a bitch is coming!”; “Get off! Get off! Get off!” grita o co-piloto. O 747 da PanAm reage, acelera e desvia-se para a relva. O KLM mal vê o PanAm na pista tenta levantar mais cedo e, se o nariz do avião ainda evita o choque, o trem, os motores e a cauda já não o conseguem, arrancando a parte central do PanAm acima da asa. O 747 holandês cai depois do choque, espalhando combustível ao longo da pista, que incendeia. Os 234 passageiros e 14 tripulantes morrem, assim como 326 passageiros e nove tripulantes no PanAm – 583 mortos no total.
Os passageiros do PanAm que sobrevivem ao choque aproveitam os buracos da fuselagem para sair do avião. Sem assistência imediata, muitos são obrigados a saltar da asa para o chão. Destino macabro o de uma hospedeira que sobreviveu ao acidente: sem controlo sobre os motores, a tripulação do PanAm não os consegue desligar. Ficam ao máximo até que explodem e um dos destroços mata a hospedeira.
Mais de 70 investigadores analisaram o acidente. Além dos erros de comunicação entre KLM e torre, com recurso a expressões não standard – como falar em “take-off” antes da autorização – e das interferências motivadas por várias transmissões simultâneas, a investigação conclui que o PanAm não saiu na terceira saída da pista como devia, tendo a colisão ocorrido perto da quarta. Além disso, o aeroporto de Tenerife, sem radares que permitissem seguir os aviões em pista e com visibilidade reduzida, nada pôde fazer.
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