CFO da PT recoloca ónus em Granadeiro e diz-se enganado
“PT foi enganada e defraudada pelos Espírito Santo”
Luís Pacheco de Melo, administrador financeiro da Portugal Telecom, recolocou ontem o ónus do empréstimo da PT à Rioforte sobre Henrique Granadeiro. Mas a audição de ontem na comissão de inquérito à gestão de BES acabou por ser mais um episódio do teatro de sombras que os diferentes responsáveis da PT parecem jogar.
Se na quarta-feira Henrique Granadeiro, ex-chairman da PT, assumiu a responsabilidade sobre 200 dos 897 milhões de euros emprestados à Rioforte, empurrando a responsabilidade dos restantes 697 milhões em Zeinal Bava, agora Pacheco de Melo fez o inverso: “A decisão de investimento é na minha opinião de Henrique Granadeiro que me pede para ir ao BES tratar dessa aplicação”, disse aos deputados ao longo da sessão de ontem. Em causa a transferência de uma aplicação de 750 milhões da ESI para a Rioforte.
Por outro lado, Pacheco de Melo confirmou que Morais Pires (CFO do BES) lhe comunicou que o investimento em questão teria sido combinado entre Ricardo Salgado, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava – confirmando o que consta da auditoria da Price. Sobre as declarações de Henrique Granadeiro à mesma comissão, de estar convicto de que Zeinal Bava sabia dos investimentos na Rioforte até porque esteve em roadshow com Pacheco de Melo, o ainda administrador da PT Portugal admitiu que falou da tesouraria da PT com Bava e ter referido “a operação Espírito Santo, mas eram operações normais”, pelo que não foram discutidas. Recusou no entanto ter falado da Rioforte.
Sobre o default em si, Pacheco de Melo salientou estar “convicto que a PT, eu e o seu presidente e os trabalhadores, fomos enganados e defraudados pelos Espíritos Santos”.
in: Jornal i, 6 Março 2015