19 Fevereiro 1961. O primeiro supermercado do país
“Paris. Milão, Estocolmo, Madrid, Barcelona, Bruxelas, possuem ‘self-services’ e não consideram esta designação contra a sua língua”
“Uma nova ofensiva: a dos ‘self-services’. O primeiro foi inaugurado hoje, em Lisboa, em plena cidade nova, na Avenida de Roma. Dois outros se seguirão, mais vastos, no estilo dos supermercados norte-americanos, um dos quais junto do cinema Monumental. ‘Self-service’ é uma designação já internacionalizada, de que outras capitais não têm receio. Paris. Milão, Estocolmo, Madrid, Barcelona, Bruxelas, possuem ‘self-services’ e não consideram esta designação contra a sua língua. Lisboa resiste, mas de uma forma descontínua, que os ‘snack-bars’ proliferam. Exige-se a expressão auto-serviço, o que sugere uma garagem, a bomba de gasolina. Porque ‘self-service’ não é propriamente um atentado à língua portuguesa e se a palavra de ordem é resistir a estas expressões fulgurantes mas estrangeiras, torna-se urgente um critério uniforme, sem brechas.”
“Salto arrojado, que a cidade tem séculos de lentidão no seu passado, e resiste absurdamente a inovações deste tipo”
“O primeiro ‘self-service’ lisboeta abriu hoje na Avenida de Roma, a coluna vertebral da cidade nova. O Areeiro não é Manhattan mas significa uma renovação. O ‘self-service’ pertence à época que vivemos: é um dos seus resultados. Útil, lógico, já indispensável, o ‘self-service’ exige um ritmo a que Lisboa não está ainda habituada. No 46-A da Avenida de Roma, para lá de uma montra vasta, chamejante de rótulos, montada com agudo sentido comercial e entendimento do novo estido de vida, a ‘Francfort’ passou de charcutaria a ‘self-service’. Salto arrojado, que a cidade tem séculos de lentidão no seu passado, e resiste absurdamente a inovações deste tipo (…)”.
“A sensação predominante é de fartura, depois, de higiene. Os preços estão à vista, as pesagens já feitas. Basta estender a mão, colocar o produto e avançar”