A empresária Isabel dos Santos lançou ontem uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a PT, SGPS, sociedade que detém 25,6% do capital da Oi, além de uma opção de compra sobre mais 11%, que depende da recuperação dos créditos não saldados dos Espírito Santo à PT. Fora desta oferta estão activos como o Meo ou o Sapo, que são detidos pela PT Portugal, já integrados na operadora brasileira.
Isabel dos Santos, através da empresa Terra Peregrin, divulgou à Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM) ontem ao final da tarde o lançamento da OPA, oferecendo 1,35 euros por acção da PT, SGPS, o que avalia a empresa em 1,21 mil milhões.
O preço oferecido por acção representa um prémio de 11% face à última cotação dos títulos da PT, SGPS, que fecharam a última semana a valer 1,217 euros cada. Apesar do prémio, o valor oferecido fica menos agradável se for comparado à cotação da PT, SGPS nos últimos três meses, quando as acções rondavam 1,6 euros. Só no último mês é que os títulos da PT, SGPS caíram abaixo de 1,5 euros.
Independentemente dos valores, é de referir que o Morgan Stanley há pouco mais de uma semana comprou quase um milhão de acções da PT, SGPS, quando a acção rondava os 1,11 euros, podendo agora ver o seu investimento resultar num ganho de 21% em poucos dias. Este banco detém perto de 19 milhões de acções da PT, SGPS.
Razões e condições “O objectivo final é a aquisição de uma participação relevante, mas minoritária e não de controlo, no capital da Oi, permitindo a manutenção da unidade do grupo PT reconhecendo e potenciando a capacidade tecnológica da empresa, ao mesmo tempo que é reforçada a capacidade da Oi num momento crítico das telecomunicações”, explicou o porta-voz da filha do presidente angolano, citado pelo “Económico”.
Isabel dos Santos, em conjunto com Paulo Azevedo, ofereceu–se na última semana para encabeçar um movimento que salvaguarde “o interesse nacional” no caso da PT, isto depois da Oi ter mostrado vontade em retalhar e vender o Meo ou o Sapo. Estes activos não estão incluídos na PT, SGPS, mas na PT Portugal, empresa detida integralmente pela Oi – que já recebeu propostas pelos activos. Porém, a PT, SGPS pode vetar a venda.
No documento onde divulga a oferta, a empresária angolana diz-se apoiante do processo de absorção da PT pela Oi, mas coloca condições à sua oferta: além de exigir a suspensão do processo de absorção por um prazo não inferior a 30 dias após a eventual concretização da OPA, Isabel dos Santos quer também a “eliminação da obrigação” da PT, SGPS só poder reforçar na Oi através da opção de compra que detém hoje – ou seja, Isabel dos Santos quer poder reforçar na Oi livremente. A OPA é também condicionada “à adopção” pela PT, SGPS ou pela Oi de medidas que interrompam a “alienação ou oneração de activos relevantes” ou então “a rejeição de quaisquer propostas”. Ou seja, Isabel dos Santos quer congelar já a venda da PT Portugal.
in: Jornal i, 10 Novembro 2014