O núcleo de estudos da Universidade Católica calcula que no segundo trimestre deste ano a economia portuguesa terá registado um crescimento de 0,2% face aos primeiros três meses do ano. Como entre Janeiro e Março a economia recuou 0,6%, os 0,2% agora registados entre Abril e Junho significam que “a economia portuguesa não recuperou o suficiente face à queda inesperada” do primeiro trimestre de 2014, conclui o Núcleo de Estudos de Conjuntura sobre a Economia Portuguesa (NECEP) no sumário executivo de conjuntura sobre o segundo trimestre do ano.
“A leitura da conjuntura apresenta indicadores contraditórios com sinais de continuação da recuperação no consumo privado, de estabilização nas exportações mas de continuada hesitação no processo de investimento”, lê-se ainda no relatório do NECEP, que salienta a recuperação “algo surpreendente” do “mercado de trabalho”, que está “a dar sinais de melhoria de magnitude superior ao que seria de esperar tendo em conta o crescimento ténue do PIB”.
Estas melhorias, convém sublinhar, dão-se apenas ao nível da taxa oficial de desemprego, já que esta tem vindo a descer graças à emigração e também a uma deterioração agressiva no campo laboral, já que a economia portuguesa continua sem recuperar postos de trabalho a tempo completo – a taxa está a cair também graças ao subemprego, já que se no final de 2011 apenas 1,1% das pessoas empregadas estavam em situação de subemprego, agora este valor já atinge os 5,5%.
Considerando os valores estimados para o segundo trimestre, o NECEP volta a sublinhar a previsão com que já tinha avançando no início desta semana, quando reviu em baixa as expectativas para a evolução da economia portuguesa no conjunto do ano, de 1,4% para 1%. “O NECEP projecta um crescimento do PIB de 1,0% em 2014 e de 1,8% em 2015 [era 2%], reduzindo as previsões anteriores”, dizem os economistas da Católica, justificando a revisão em baixa “em larga medida devido aos maus resultados observados no primeiro trimestre deste ano que revelam uma recuperação mais lenta face à estimada”.
Mas até estes números devem ser vistos com precaução, já que o NECEP assume que as previsões são feitas “num contexto de elevada e prolongada incerteza”, já que a economia portuguesa continuará “muito dependente da conjuntura externa”. Esta incerteza, que torna “invulgarmente difícil” fazer previsões, leva a Católica a salientar igualmente “a insuficiência das medidas em vigor para atingir as metas orçamentais, em particular um défice de 4% em 2014”, até porque ainda se desconhece as “eventuais medidas compensatórias” das leis inconstitucionais que o governo aprovou.
in: Jornal i, 12 Julho 2014