CGD. Ministra foge a pergunta sobre nomeação de Francisco Bandeira

Duarte Marques, Hugo Velosa e Carlos Santos Silva, deputados do PSD, questionaram a ministra das Finanças em Outubro último sobre a nomeação de Francisco Bandeira como responsável pela operação da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em Espanha. Em causa, o facto de Bandeira ter sido “um dos principais responsáveis pela gestão do BPN no período pós nacionalização”, sendo que a sua gestão foi duramente criticada pela Comissão Parlamentar de Inquérito ao Processo de Nacionalização, Gestão e Alienação do Banco Português de Negócios.
Segundo lembraram os deputados a Maria Luís Albuquerque, o relatório final daquela comissão responsabilizou “a administração do BPN, então liderada pelo Dr. Francisco Bandeira, pela má gestão no período pós-nacionalização e assinala diversas contradições nos depoimentos prestados por este responsável”. Mas não foi só a Comissão a concluir nesse sentido: “no ano passado [2012], a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários condenou o referido administrador, a par do Dr. Armando Vara, a uma multa de 50 mil euros por negligência por não terem impedido – apesar de terem conhecimento dos factos – um conjunto de ilicitudes realizadas na rede comercial do grupo público”. Perante estes factos, a pergunta dos deputados do PSD foi simples: “Na qualidade de ministra das Finanças considera que a pessoa em causa detém a idoneidade exigida para representar os contribuintes portugueses na gestão de tão importante operação do banco público português?”
A ministra demorou seis meses a responder mas a resposta chegou finalmente no final da semana passada, contestando apenas que “não é correcto afirmar que o Dr. Francisco Bandeira é ‘responsável pela operação da CGD em Espanha”, diz Maria Luís Albuquerque. Antes deste remate, a resposta da ministra aos deputados – e também aos contribuintes – explica os objectivos da reestruturação da operação da CGD em Espanha, salientando depois que Bandeira foi nomeado “para a função de coordenador da execução prática do plano de reestruturação”, sendo por isso “conselheiro não executivo” e que, logo, não é correcto “afirmar que o Dr. Francisco Bandeira é ‘responsável pela operação da CGD em Espanha’.” Sobre a idoneidade do gestor, nada é dito. “A nomeação é da exclusiva responsabilidade da CGD”, atira antes a ministra. Porém, e como até os deputados do PSD fazem questão de sublinhar na pergunta, “a CGD é um banco de capitais exclusivamente públicos, cuja transparência e rigor deve estar acima de qualquer suspeita”.
Fica assim por saber a opinião da ministra das Finanças sobre Francisco Bandeira, líder da administração do BPN que também foi “diversas vezes acusada e responsabilizada” pelo “desnorte estratégico” que aumentou a factura total exigida aos contribuintes com o BPN.
in: Jornal i, 7 Abril 2014