Gaspar promete criar 46,8 mil empregos. Mas cada um vai custar 115 mil euros

Ao fim de dois anos, o aumento da contribuição dos trabalhadores para a segurança social (SS) vai aumentar em 1% o emprego em Portugal, garantiu ontem Vítor Gaspar, ministro das Finanças. Na óptica do governo, serão criados 46,8 mil empregos entre Janeiro de 2013 e Dezembro de 2014, considerando os 4,68 milhões de empregados com que o país conta actualmente, segundo os dados do INE.

Esta criação de emprego será conseguida, explicou Vítor Gaspar, com as alterações do governo ao nível da descida da taxa social única para as empresas, e da subida da contribuição dos trabalhadores para a SS. Cada emprego que o governo crê que esta medida irá criar custará assim cerca de 115 mil euros aos trabalhadores portugueses, considerando os 2,7 mil milhões de euros que estes irão pagar a mais de contribuição em cada um dos próximos dois anos – o contributo adicional imposto aos trabalhadores é de 5,4 mil milhões em dois anos, resultando daqui a criação de 46,8 mil empregos.

Ontem, Vítor Gaspar esclareceu um pouco mais sobre esta medida de austeridade, escudando-se com a troika na justificação da decisão. “O estudo do impacto da medida de desvalorização fiscal foi realizado em colaboração com as equipas do FMI, CE e BCE”, disse o ministro. Depois, esclareceu que também os trabalhadores a recibos verdes vão pagar mais para trabalhar – o desconto para a SS nestes casos passa de 29,6% para 30,7% –, algo que Passos Coelho não tinha avançado. Além da criação de emprego, que advirá de um “impacto positivo no investimento” de 0,5% e no “crescimento das exportações entre 1% e 2%”, Gaspar avançou também que espera que as empresas de serviços, como a energia ou as telecomunicações, reflictam as poupanças com a TSU nos preços: “É adequado que haja uma queda significativa dos preços para atenuar os efeitos gravosos sobre as famílias e melhorar os custos de contexto. A consciência pública será uma ajuda neste processo”, pediu oministro. Já antes o governante tinha apontado que o executivo “está a trabalhar no sentido de criar um mecanismo que incentive que as poupanças das empresas (…) permaneçam na empresa, permitindo reforçar capital, o investimento, a produção ou o emprego”.

Por detalhar continuou, porém, o impacto damedida nos 550 mil trabalhadores em Portugal que ganham o ordenado mínimo. As alterações do governo para 2013 implicam a perda de cerca de 35 euros de salário líquido por mês para quem ganhe o salário mínimo, valor que, segundo o governo, será reembolsado em sede de IRS –mas este chegará apenas em meados de 2014, apesar da perda de rendimento entrar em vigor em Janeiro.

in: Jornal i, 12 Setembro 2012

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