Francisco Pinto Balsemão celebra 75 anos a 1 de Setembro. Nessa altura, estará já nos preparativos finais para uma nova fase da sua vida – que não será de reforma dourada ou dedicada a melhorar o handicap no golfe, promete. Quatro décadas depois, o ex-primeiro-ministro, o fundador do PSD e o fundador do “Expresso” abandona a presidência do grupo que lançou em 1973, assumindo o cargo de chairman e deixando a sua cadeira entregue a Pedro Norton, que há 20 anos ocupa cargos de direcção na Impresa e que não tinha mais de quatro anos quando nasceu o “Expresso”, marca ícone do grupo que agora vai liderar.
Quanto a Balsemão, o próprio garantiu ontem: “Não vou desaparecer”, salientando que agora terá mais tempo para outro tipo de “embates e desafios”, tendo dentro como fora do grupo Impresa. Entre estes embates está a privatização da RTP, um processo que pode conduzir “à asfixia do jornalismo”, prometendo um debate sério sobre o futuro da televisão e dos media no país.
A Impresa oficializou ontem a transição no grupo, com Pedro Norton a ser o eleito por Francisco Pinto Balsemão para assumir a presidência executiva da Impresa, grupo que, além do “Expresso”, detém a SIC e SIC Notícias e a “Visão”. Durante a apresentação das contas da Impresa, o grupo anunciou que Pedro Norton assumirá funções a partir de Outubro, passando Pinto Balsemão a assumir o cargo de presidente do conselho de administração – que já ocupa, além do cargo de presidente executivo que abandona.
Hoje com 44 anos, Pedro Norton é desde 2008 vice-presidente da comissão executiva da Impresa e conta com uma licenciatura em Gestão pela Universidade Católica, além de uma formação na Boston University School of Communication, em Television Management.
O futuro CEO da Impresa assume a liderança do grupo num período particularmente difícil para todos os media em Portugal, com o mercado publicitário a cair a pique e, no caso específico da imprensa, com o total de leitores a diminuir. Ainda assim, a Impresa reportou contas em melhoria, ainda que no vermelho.
perda de 1,1 milhões Até Junho, a dona do “Expresso” registou um prejuízo de 1,1 milhões, valor que compara com as perdas de 32,6 milhões em igual período de 2011. Considerando apenas as contas do segundo trimestre, contudo, a Impresa registou lucro de 2,2 milhões. A redução de 11% nos custos operacionais, que compara com uma quebra de 7,5% nas receitas, em muito ajudou a melhorar os números tanto do semestre como do segundo trimestre. O EBITDA cresceu 21,4% até Junho, de 8,6 milhões para mais de 10,4 milhões de euros.
No final de Junho, a dívida líquida da empresa cifrava-se em 218,8 milhões, “cerca de 10,8 milhões inferior ao valor de Junho de 2011 e cerca de 4,8 milhões inferior ao valor de Março de 2012”, lê–se no comunicado do grupo de media.
Em termos de receitas de publicidade, estas caíram 13,6% nos primeiros seis meses do ano, para 62 milhões de euros. A quebra foi sobretudo sentida no segmento de publicações da Impresa – menos 17,8%, para 15,8 milhões.
in: Jornal i, 24 Julho 2012