Contas finais. Portugal emprestou 1102 milhões aos gregos

Os contribuintes portugueses emprestaram um total de 1103 milhões de euros aos cofres gregos no âmbito do programa de ajuda internacional em curso naquele país. Este valor ficou assim aquém da verba inicialmente estimada de dois mil milhões de euros, pois também o Estado português veio a precisar de assistência internacional, ficando a partir dessa altura isento das responsabilidades de ajudar terceiros.

As verbas portuguesas dizem apenas respeito ao primeiro pacote de ajuda internacional negociado com Atenas – de 110 mil milhões –, e a sua cedência ocorreu em 2010 e 2011. No primeiro ano, os empréstimos à Grécia atingiram os 547,5 milhões, tendo no ano passado atingido os 554,8 milhões de euros.

Aquando da aprovação do empréstimo, em Maio de 2010, o então ministro das Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, explicou que Portugal era responsável por 2064 milhões de euros dos 110 mil milhões de empréstimo total. Com a chegada do FMI ainda no tempo de Teixeira dos Santos, essa fatia acabou reduzida em quase mil milhões de euros.

Os cálculos sobre os empréstimos portugueses ao Estado grego no âmbito da ajuda internacional foram agora publicados pelo Tribunal de Contas, no relatório de Acompanhamento da Execução Orçamental da Administração Central em 2011. O TC neste relatório ainda avança que durante o ano passado “o aumento global do endividamento directo do Estado” foi de “23 120 mil milhões de euros”, uma subida de 15,2% face à dívida apresentada em 2010: de 151,7 mil milhões para perto de 175 mil milhões.

“É também relevante, como consequência do facto de a República ter afastado quase totalmente o financiamento através dos mercados de dívida, que no final de 2011 a dívida não transaccionável (que inclui a resultante do programa de assistência financeira) representasse 30,4% da dívida total, quando no final de 2010 era apenas 14,8%”, diz ainda o TC sobre a evolução da dívida pública em 2011. Esta mudança de paradigma ocorreu por causa da chamada da troika, em Abril, que só nesse ano disponibilizou mais de 35,8 mil milhões de euros ao Estado português – a maioria dos quais vindos de países da zona euro.

dívida: 15% do total é uns aos outros As maiores razões para os receios de um efeito dominó da crise da dívida prendem-se por um lado com a dimensão real das dívidas de cada país, que inclui não só o que o Estado deve, mas também as dívidas das famílias e empresas desse país – no caso português, por exemplo, a dívida do Estado é de 175 mil milhões, mas se a este valor juntarmos o que as famílias e as empresas devem, então a dívida da economia portuguesa salta para 400 mil milhões. Mas além da dimensão das dívidas, a exposição dos europeus à dívida dos seus vizinhos é outro dos grandes problemas.

Contas feitas, e dos 22,1 biliões de euros – cerca de 135 vezes o PIB português –, que as economias de França, Espanha, Portugal, Itália, Irlanda, Grécia, Alemanha e Reino Unido deviam em Junho de 2011 – falamos de dívida total de Estado, famílias e tecido empresarial –, cerca de 15% foram pedidos por cada um destes países aos outros sete [ver em baixo o total de dívidas de cada país aos restantes]. A compilação foi feita pela BBC, com dados de Junho de 2011 retirados do Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, Nações Unidas e Bank for International Settlements.

In: Jornal i, 13 Julho 2012

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