A Carris fechou o primeiro trimestre do ano com uma quebra de 10% na procura, tendo registado 52,9 milhões de passageiros no período – cerca de menos 5,88 milhões de utentes que em igual período do ano passado.
Segundo a informação avançada pela empresa ao i, “comparando o 1.o trimestre de 2012 com igual período do ano anterior, verifica-se um acréscimo de receita tarifária de 12,4%”. A justificar parte da quebra na procura, assim como o aumento da receita, está o aumento tarifário levado a cabo em Fevereiro último pelo governo.
Com os valores agora avançados pela Carris é já possível ter uma ideia mais global do impacto do agravamento da crise e do desemprego, assim como dos já referidos aumentos tarifários, na procura dos transportes. Somando o total de passageiros transportados no primeiro trimestre pela Carris, STCP e Metro do Porto, assim como os dados já conhecidos da Metro de Lisboa e que apenas reflectem a procura até Fevereiro, os cálculos do i mostram uma quebra de 9,85 milhões de passageiros nestas empresas durante 2012, o equivalente a menos 7,5% – isto quando o governo previu uma quebra de 5% na procura.
Se nos três primeiros meses do ano passado a Metro do Porto, a STCP e a Carris transportaram 101 milhões de utentes – ou 1,13 milhões por dia –, e o metro de Lisboa registou uma procura de 30,6 milhões de utentes em Janeiro e Fevereiro do mesmo ano – 527 mil passageiros diários –, já este ano as três primeiras transportaram 92,9 milhões de passageiros até Março – 1,03 milhões de passageiros por dia –, enquanto o metro de Lisboa transportou 29 milhões de utentes – 491 mil passageiros por dia nos dois primeiros meses do ano. Juntando estas quebras nota-se que, se em 2011 havia perto de 1,66 milhões de utilizadores diários de transportes nas quatro empresas consideradas, esse valor em 2012 caiu para 1,52 milhões – menos 140 mil utentes por dia.
E esta quebra deverá agravar–se nos próximos meses, já que os dados das empresas relativos aos primeiros meses deste ano ainda beneficiam do comportamento de Janeiro – mês anterior ao novo aumento tarifário. Basta ver que no primeiro mês do ano, por exemplo, o metro do Porto conseguiu mais 3% de passageiros, variação que em Fevereiro caiu para -2,8%. Cenário semelhante verificou-se tanto na STCP como no metro de Lisboa: a procura em Janeiro esteve em linha com o mesmo mês de 2011, tendo no mês seguinte caído cerca de 10% em cada empresa. Relativamente à Carris não foram avançados dados da procura mensal.
Metro e Carris O Metropolitano de Lisboa (ML) e a Carris vão ter um conselho de administração comum, constituído por quatro elementos, até ser criada a nova empresa resultante da fusão das duas transportadoras, segundo um decreto-lei ontem publicado em “Diário da República”.
O diploma estabelece que os administradores da Metro e da Carris exercerão funções em regime de acumulação, solução que permite “uma orientação centralizada” no âmbito do processo de fusão e poupar custos, reduzindo o número de administradores de dez para quatro.
Esta medida irá manter-se até à fusão das empresas ou durante os três próximos anos, caso esta não se concretizar. Cada administrador só receberá um salário.
in: Jornal i, 4 Abril 2012