A Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) fechou o primeiro trimestre deste ano com um total de 25,79 milhões de passageiros, menos 8% que o registo conseguido nos primeiros três meses do ano passado, quando transportou pouco mais de 28 milhões de utentes. A quebra trimestral seria pior, porém, não fossem os números de Janeiro – antes da nova revisão tarifária do governo.
Segundo os dados avançados pela STCP ao i, a quebra na procura sentiu-se especialmente em Fevereiro e Março, meses em que a empresa registou reduções de 10% e 12% nos passageiros, respectivamente. Já em Janeiro, antes da revisão dos tarifários, a transportadora do Porto registou uma redução de apenas 2% na procura.
Traduzido em número de passageiros, os valores da empresa significam que, se no primeiro mês do ano a STCP transportou menos 180 mil passageiros que em Janeiro de 2011 – uma perda de 5800 utentes diários –, já em Fevereiro a redução da procura chegou a 840 mil passageiros, valor que em Março atingiu os 1,21 milhões. Nestes dois meses, a STCP transportou, em média, menos 35 mil passageiros/dia em comparação com Fevereiro e Março de 2011. Em jeito de comparação, veja-se que em todo o ano passado a transportadora perdeu 830 mil passageiros – menos que os utentes que desapareceram só em Fevereiro e depois em Março.
Mas se parte dos utilizadores dos transportes no Grande Porto estão a fugir destes, os que continuam a usá-los estão a suportar um custo suficiente para que as receitas da STCP estejam mais altas este ano em comparação com as de 2011, apesar das quebras na procura. A empresa avançou ontem ao i que “no primeiro trimestre de 2012 verifica-se uma receita de 13,1 milhões de euros contra 11,9 milhões no trimestre homólogo de 2011, o que traduz um crescimento da receita de 10%”. Cruzando o aumento das receitas com a quebra na procura, calcula-se em 19,6% o acréscimo de custos que os actuais passageiros da STCP estão a suportar – dividindo o total das receitas pelo total de passageiros.
Estimativas furadas O governo previa que as revisões tarifárias levadas a cabo em Fevereiro deste ano conduzissem a uma redução de apenas 5% na procura dos transportes. Contudo, os números que vão sendo conhecidos apontam para quebras bem superiores.
Conforme o i avançou a 17 de Abril último, também o metro de Lisboa sofreu um forte rombo na procura com a entrada em vigor dos novos tarifários, em Fevereiro deste ano. Só nesse mês houve menos 11,5% de utentes na rede de metro de Lisboa – ou seja, menos dois milhões de passageiros.
in: Jornal i, 24 Abril 2012