“We’ll always have Brussels.” Esta bem pode ser a frase final de qualquer governo ou governante em final de mandato. É o destino de eleição – ainda que não por escolha própria – dos principais decisores políticos do país, seja para o beija–mão seja para participar em dezenas de reuniões ministeriais. Esta predilecção forçada por Bruxelas é bem notória no relatório dos primeiros meses das viagens realizadas pelo executivo de Pedro Passos Coelho. Foram 92 as vezes em 213 dias que a capital belga foi visitada por secretários de Estado ou ministros deste governo. Um ritmo que significa que, dia sim dia não, há uma visita do executivo a Bruxelas. O rei das visitas a esta cidade é, claro está, o ministro das Finanças – ou um dos seus secretários de Estado – que, entre Junho e Dezembro de 2011, por 29 vezes visitou aquela cidade: mais de quatro vezes por mês, ou uma vez por semana. Culpa, provavelmente, das cimeiras sempre-decisivas-que-nunca-o-são.
Segundo um apanhado feito pelo gabinete do primeiro-ministro – que só foi elaborado após muita insistência dos deputados do Partido Socialista e obrigou inclusivamente à intervenção da presidente da Assembleia da República [ver texto ao lado] –, o governo gastou, entre Junho e Dezembro do ano passado, 1 125 829 euros em deslocações ao exterior e despesas daí decorrentes, fruto de mais de 240 viagens realizadas por ministros ou secretários de Estado. Um ritmo de 160 mil euros e 34 viagens/mês.
O gabinete do primeiro-ministro, com um total de 17 viagens realizadas durante os meses em questão, foi o que mais gastou para se deslocar a Madrid, Varsóvia, Bruxelas, São Tomé e Príncipe, Brasília, Paraguai ou Luanda, entre outros destinos. Passos Coelho precisou de quase 368 mil euros para financiar estas deslocações – ou 21,6 mil euros por visita –, valor bem acima das verbas gastas por outros gabinetes. [Ler mais]
in: Jornal i, 16 Março 2012