Operação deverá custar 86,5 milhões de euros, quase menos 20 milhões que as previsões apresentadas no anúncio preliminar
in: Dinheiro Vivo, 31 julho 2017
A administração da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) anunciou esta segunda-feira a sua posição oficial relativamente à Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pelo seu maior acionista, considerando a mesma como “amigável” e de preço justo. Para o banco, a oferta de um euro por título encontra-se “num intervalo de valorização (…) que se considera contemplar de modo relevante os interesses dos destinatários da Oferta”.
No início de julho, a Associação Mutualista, dona da maioria do banco Caixa Económica Montepio, lançou uma OPA sobre as unidades de participação representativas do capital da CEMG que ainda não detém, ou seja, 26,5%. Esta OPA integra-se na transformação do banco Montepio Geral em sociedade anónima, momento a partir do qual as atuais unidades de participação são transformadas em ações. Sendo este passo um dos que estão a ser dados para abrir o capital do Montepio a entidades de fins sociais.
Esta segunda-feira, em comunicado divulgado através da CMVM, e tal como exige o Código dos Valores Mobiliários, a equipa liderada por José Félix Morgado manifestou a sua posição sobre a OPA, realçando que apesar da mesma “não ter sido solicitada, é amigável” e que não se antecipa “qualquer impacto negativo” para o banco decorrente da mesma.
A Associação Mutualista detém já a totalidade do capital institucional do banco Montepio, “sobrando” as Unidades de Participação, cotadas em bolsa e representativas do Fundo de Participação integrante do património social da CEMG. São 400 milhões de títulos, dos quais pouco mais de 293 milhões estão em mãos da Associação Mutualista. Os 106 milhões de fora são então os visados por esta OPA.
Com uma oferta de um euro por cada um destes títulos em cima da mesa, a administração do banco Montepio não tem dúvidas em que este é um bom valor oferecido aos investidores. “Esta contrapartida representa um prémio de 101% relativamente à cotação de fecho da Unidade de Participação no dia do Anúncio Preliminar e um prémio de 116% face à cotação média ponderada dos seis meses anteriores ao dia do Anúncio Preliminar, pelo volume das Unidades de Participação no mercado regulamentado da Euronext Lisbon”,reflete a equipa de Félix Morgado.
OPA ficou mais barata
Apesar de no anúncio preliminar da OPA da Associação Mutualista sobre o Montepio Geral ser apontado que a operação iria obrigar ao investimento de 106 milhões de euros para a primeira ficar com 100% das unidades de participação, este valor surge agora revisto em baixa pela administração do banco.
Conforme explica o anúncio da OPA, divulgado no início de julho, a oferta visaria os “titulares das restantes 106.007.206 (cento e seis milhões, sete mil, duzentas e seis) Unidades de Participação”, que não são já detidas pela Mutualista, ou seja, “26,5% (vinte e seis vírgula cinco por cento) do total de Unidades de Participação representativas do Fundo de Participação da CEMG”. Sendo a oferta de um euro por título, o esforço atingira então “o valor total de € 106.007.206”.
Agora, porém, estes números são revistos em baixa. Segundo o relatório divulgado esta segunda-feira, a “a Oferta, ainda que geral, apenas poderá ser aceite pelos titulares das restantes 86.535.319 (oitenta e seis milhões, quinhentas e trinta e cinco mil, trezentas e dezanove) Unidades de Participação, representativas de 21,6% (vinte e um vírgula seis por cento) do total de Unidades de Participação representativas do Fundo de Participação da CEMG”.
A diferença está no total de UP que a Mutualista já tem nas suas mãos. Se à data do anúncio a mesma assumia ter diretamente 293,9 milhões de unidades de participação, agora, volvido menos de um mês, são referidos 313,5 milhões de UP nas mãos da Mutualista, sobrando apenas 86,5 milhões para comprar, razão pela qual é assumido como custo máximo da oferta “€ 86.535.319,00”.
A variação no total de unidades de participação detidas pela AM desde o anúncio preliminar e hoje indica que a Mutualista tem comprado títulos do banco desde o anúncio preliminar da OPA, uma opção devidamente prevista no Código dos Valores Mobiliários – e que também o CaixaBank aproveitou ao longo da OPA sobre o BPI – e que permite ir comprando títulos abaixo ou idênticos ao preço da OPA.