Ganho fiscal de 382 milhões puxa contas do BCP para o verde

BCP registou prejuízo bruto de 281 milhões em 2016, valor que, depois de impostos, virou lucro. Operação em Portugal teve prejuízo de 157 milhões

in: Dinheiro Vivo, 7 março 2017

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O Millennium bcp aproveitou os valores acumulados em impostos diferidos para fazer de 2016 mais um ano de resultado líquido positivo, ainda que tenha fechado o exercício com uma quebra de 90% nos lucros – 23,9 milhões contra 235,3 milhões em 2015.

“Os impostos (correntes e diferidos) sobre lucros ascenderam a 381,9 milhões de euros em 2016, montante que compara com -37,7 milhões apurados em 2015”, assume o banco nos documentos sobre os resultados ontem apresentados.

Em termos operacionais, 2016 ficou marcado não só por um maior ritmo de limpeza de imparidades e créditos não produtivos, como pela melhoria de alguns dos indicadores vistos como mais relevantes, como a subida em 3,3% da margem financeira, para 1,23 mil milhões de euros, que impulsionou nova subida no resultado operacional, de 896 para 1025 milhões de euros.

Já contando com o efeito do aumento de capital terminado este ano, os rácios do BCP mostram agora um CET1 em 11,1%, que, todavia, era de 9,6%em dezembro, abaixo dos 10,2% registados no final de 2015.

Já o crédito total do BCP continuou em queda, agora em 6,6%, recuando de 55,4 mil milhões para 51,7 mil milhões. A queda, no entanto, ajudou a melhorar os rácios associados à qualidade da carteira, já que, diz o BCP, a “proporção de crédito vencido há mais de 90 dias” caiu em relação ao crédito total, fixando-se em 6,8% – era 7,3%.

A opção de aumentar o total de imparidades reconhecidas no balanço – 1,6 mil milhões contra 978 milhões em 2015 – ajudou igualmente a melhorar a qualidade do crédito, tendo o “rácio de cobertura do crédito vencido há mais de 90 dias por imparidades aumentado de 86,2% em 31 de dezembro de 2015 para 107,0% em 2016”.

Impostos e forte prejuízo interno

Apesar de estas melhorias, o BCP precisou de recorrer a centenas de milhões de euros em ganhos fiscais para fechar o exercício do ano passado no verde. E todos estes ganhos com impostos vieram da atividade em Portugal.

Segundo os números do BCP, não auditados, o banco fechou o ano com um resultado antes de impostos de 281,3 milhões negativos, valor dizimado pelos impostos, que trouxeram um ganho de 381,9 milhões ao banco. Mas este valor é o consolidado, já que se olharmos apenas para a operação portuguesa notamos que o ganho fiscal foi superior, totalizando 469,6 milhões, valor a que se subtraem 87,7 milhões em impostos pagos pelo BCP nos outros países onde atua.

Questionado sobre este ganho fiscal, Miguel Bragança, CFO do BCP, apontou para alterações recentes no regime fiscal que permitiram ao banco reconhecer no balanço “alguns reportes fiscais que tínhamos fora do balanço”, sem dar mais detalhes. “Os referidos impostos incluem o rédito por impostos diferidos de 495,3 milhões de euros (53,7 milhões em 2015), líquido do gasto por impostos correntes de 113,4 milhões de euros (gasto de 91,4 milhões de euros em 2015)”, lê-se já nas contas do BCP.

Mas nem este ganho fiscal salvou a operação do BCP em Portugal. Segundo as contas desagregadas do banco, a operação doméstica sofreu uma deterioração superior a 450% dos resultados.

Os 44,2 milhões de lucro da operação portuguesa em 2015 caíram para 157,3 milhões de prejuízo em 2016, isto apesar do corte em 32% dos custos operacionais do banco. A quebra de 15% no produto bancário em Portugal justifica em grande parte a deterioração.

 

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