Novo Banco: Vendas atrás de vendas já renderam 452 milhões
Desde o final de 2015, o rácio Common Equity Tier I provisório do Novo Banco caiu de 13,5% para 12% – e o CET total de 11,3% para 10,2%
in: Dinheiro Vivo, 27 novembro 2016
O Novo Banco tem levado a cabo uma autêntica venda de garagem ao longo deste ano que, seja em nome do encaixe financeiro seja em busca do aumento dos rácios, já levou o herdeiro dos ativos não tóxicos do Banco Espírito Santo a libertar-se de pelo menos sete participações consideradas “não estratégicas”.
Apesar dos valores significativos que em termos acumulados já foram encaixados pela instituição, só entre janeiro e setembro o Novo Banco acumulou 359 milhões de euros em prejuízos, valor que representa uma melhoria de 60 milhões de euros face às perdas acumuladas no mesmo período de 2015.
Na última sexta-feira foi anunciado através da comunicação social o mais recente deste conjunto de negócios fechados pelo ex-BES: O Grupo Novo Banco vendeu a 25 de novembro, e na bolsa de Casablanca, a posição de 2,5% que detinha no banco BMCE por 83 milhões de euros, segundo informou à Lusa fonte oficial do banco.
Com a venda de 2,5% do BMCE por 83 milhões de euros, o Novo Banco vê subir o encaixe conseguido este ano até aos 452 milhões de euros. Este valor compara com o objetivo definido pela instituição para 2016: vender 700 milhões de euros em ativos não estratégicos e imobiliário.
Os outros “importantes passos”
O último negócio comunicado pelo Novo Banco tinha sido a venda de 41,66% da ES Contact Center, já no início de outubro, uma venda que de acordo com NB teve “um impacto neutral no rácio de capital Common Equity Tier I”, constituindo porém “mais um importante passo no processo de desinvestimento de ativos não estratégicos”.
Além desta venda, devemos juntar ainda as vendas das participações que o grupo contava na Tertir, Ascendi, ES Ventures, Novo Banco Ásia e Empark como os “passos importantes de desinvestimento” já dados este ano. Nem todos os negócios tiveram impactos positivos nos rácios do Novo Banco e nem todos viram os seus valores divulgados publicamente.
Ainda em fevereiro, o Novo Banco comunicou a venda da sua participação na Tertir, uma operação que já estava fechada no final de 2015 mas que só obteve parecer positivo pelos reguladores já no corrente ano. Esta transação terá permitido um encaixe de 60 milhões de euros ao banco.
Depois da Tertir, seguiu-se a venda de um conjunto de ativos da Ascendi aos franceses da Ardian, operação fechada já no início de agosto, e que, do conjunto de alienações aqui reportado, terá sido a mais significativa em termos de valor: com 40% do capital da Ascendi, o banco poderá ter encaixado 240 milhões dos 600 milhões em que a transação foi acordada.
No dia seguinte à comunicação da venda da Ascendi, o Novo Banco voltou à carga, agora para anunciar a venda do Novo Banco Ásia à Well Link Group Holdings Limited, sociedade sedeada em Hong Kong e dedicada aos mercados financeiros e gestão de ativos. O negócio foi oficializado sem serem referidos quaisquer valores envolvidos, com o banco a assumir apenas que a operação “terá um impacto positivo no rácio de capital”.
E depois da Ascendi e do Novo Banco Ásia, não se deixou duas sem três: no dia seguinte ao anúncio de venda do banco asiático e dois dias depois da venda da Ascendi, o Novo Banco comunicou a saída do segmento do capital de risco, tendo decidido vender a participação na ES Ventures à Sonae por valores não divulgados.
Cenário diferente verificou-se no final de setembro, quando o Novo Banco informou o mercado da venda da sua posição de 22,1% na Empark – Aparcamientos y Servicios à Parkinvest BV, tendo recebido então 69 milhões de euros.
Como vai a calculadora (e os rácios)
Entre os valores confirmados oficialmente, os preços atribuídos a algumas vendas e as transações cujo preço não foi revelado – e que até podem ser inexistentes ou de impacto negativo -, chega-se a 452 milhões de euros de encaixe potencial do Novo Banco com estas vendas – 60 milhões da Tertir, 240 milhões da Ascendi, 69 milhões com a Empark e os 83 milhões agora obtidos com o BMCE.
Todos estes valores terão servido para reforçar – ou conter – os rácios prudenciais do grupo, conforme a instituição explicou na maioria dos comunicados sobre estas transações. De acordo com os últimos resultados do Novo Banco, e desde o final de 2015 e setembro deste ano, o rácio Common Equity Tier I provisório do Novo Banco caiu de 13,5% para 12% – e o CET total de 11,3% para 10,2%.