Reestruturação da CGD passará por reformas antecipadas e rescisões
Mário Centeno aponta que administração da CGD deverá contar com 17 elementos e que António Domingues toma posse a 31 de agosto
in: Dinheiro Vivo, 24 agosto 2016
A reestruturação dos recursos humanos na Caixa Geral de Depósitos vai passar por reformas antecipadas mas irá recorrer também através de rescisões amigáveis, apontou esta tarde Mário Centeno, ministro das Finanças que, todavia, não quantificou o total de trabalhadores que o banco público poderá ter que cortar nos próximos anos.
“O ajustamento será feito por via das reformas antecipadas e rescisões por mutuo acordo”, avançou o governante na conferência desta tarde, garantindo que o futuro processo decorrerá “em clima de paz social”. Quanto a mais detalhes sobre o plano de reestruturação, Centeno referiu que tal será definido pela nova administração, liderada por António Domingues. “Entrará em funções no dia 31 de agosto”, assegurou.
No início de julho, e de acordo com informações na altura avançadas pelo sindicato da CGD, o plano para o banco que estava então em cima da mesa previa uma redução de 2500 trabalhadores na instituição entre 2017 e 2019, com nova ronda de fecho de balcões, sobretudo no estrangeiro, mas sem reduzir significativamente a presença do banco estatal nos PALOP.
O plano
O reforço de capital aprovado pela Comissão Europeia para a Caixa Geral de Depósitos (CGD) prevê o avanço de mais de 5,1 mil milhões de euros para o banco público. Neste valor está incluído uma injeção direta de 2,7 mil milhões de euros via aumento de capital, a transferência das ações da ParCaixa para a CGD, no valor de 500 milhões, e a conversão em ações dos 960 milhões de obrigações de capital contingente subscritos pelo Estado.
“O governo esteve fortemente empenhado nos últimos meses na discussão do futuro da CGD com o BCE e a CE. Na noite de ontem [terça-feira], o ministério das Finanças alcançou acordo com a Comissária Vestager para recapitalização da CGD, em condições que garantem a sua competitividade”, disse esta tarde Mário Centeno. E garantiu: “O acordo mantém a CGD 100% pública.”
Sobre o plano aprovado, o governante avançou então que o Estado português ficou autorizado a um aumento de capital de até 2,7 mil milhões de euros no banco público, à transferência da Parcaixa, no valor de 500 milhões”, além da conversão dos 960 milhões de CoCos, tal como já tinha sido avançado hoje de manhã.
Quanto à emissão de mil milhões de euros em dívida “de elevada subordinação”, Centeno referiu que a CGD começará por emitir 500 milhões de euros na mesma altura em que avançar a recapitalização, e que estes instrumentos terão que ser tomados “por investidores não relacionados com o Estado português”. A emissão de mil milhões “ocorrerá junto de investidores privados, não será convertível em ações”, apontou Centeno.
Esta operação de recapitalização da CGD foi confirmado ainda esta quarta-feira de manhã pela Comissão Europeia. Sem avançar detalhes sobre a dimensão deste plano – que é como quem diz dos cortes que o banco terá de acrescentar aos que já tem vindo a fazer -, Bruxelas admitiu no entanto que o mesmo passa por uma uma “racionalização profunda”, passando por uma significativa redução de custos, aumento da eficiência e medidas de contenção do risco.
“Tendo em consideração que todos os compromissos dos bancos serão implementados pela nova equipa de gestão e as circunstâncias específicas do banco, a análise da Comissão conclui que a recapitalização tem lugar em termos de mercado, uma vez que se espera que o retorno para o Estado seja elevado e em linha com o que um investidor privado aceitaria”, apontou ainda a CE.