A Grécia vive esta quinta-feira, dia 3, a segunda greve geral em menos de um mês e que é também a segunda acção do género contra o governo liderado por Alexis Tsipras e o SYRIZA. Convocada pelos dois maiores sindicatos do país, um público e outro privado, rapidamente teve a adesão de várias outras estruturas representativas dos trabalhadores.
Comunicação social, hospitais, transportes públicos, advogados, professores, trabalhadores do poder local, dos serviços… tudo vai parar mas nem todos por 24 horas. No caso dos trabalhadores do metro, elétricos e autocarros a paralisação será entre as 9h e as 21h e no setor da comunicação social a greve decorre entre as 6h e as 18h.
Apesar de ser a segunda greve geral em menos de um mês, os sindicatos gregos já prometeram que as acções de 2015 não vão ficar por aqui. Para dia 15 de dezembro está já prevista a concentração e ocupação dos escritórios da agência grega que ficou responsável pelas privatizações impostas ao país.
Na última greve geral na Grécia, registaram-se vários confrontos entre manifestantes e forças de segurança, com destaque para acções pontuais de grupos de anarquistas. Estes grupos foram ainda acusados pela polícia de terem sido responsáveis pela explosão de uma bomba no centro de Atenas a 24 de novembro.
Tsipras pede unidade.
Depois do fracasso da reunião com os líderes partidários realizada no último fim-de-semana, Alexis Tsipras aposta agora no reforço do sentido de união dos seus deputados. Esta terça-feira, num discurso ao grupo parlamentar do SYRIZA citado pelo Kathimerini, Alexis Tsipras apelou à unidade da coligação, hoje dependente de uma margem de apenas três deputados.
O primeiro-ministro grego lembrou que o SYRIZA é atualmente a única força política estável na Grécia, dado o caos interno em que a Nova Democracia caiu enquanto tenta realizar eleições para escolher um novo líder e a queda abrupta na importância do PASOK desde 2014. “O SYRIZA é o único pilar indiscutível na vida política do país”, referiu.
Tsipras desvalorizou ainda os rumores de que o governo poderá alargar a coligação para incluir também a União de Centristas, que conta com nove deputados. A entrada dos Centristas no governo preocupa uma facção do SYRIZA, o Grupo dos 53, especialmente desde que um ministro de Tsipras admitiu publicamente tal hipótese.
Assegurando que tudo será feito para evitar “mais cortes dolorosos”, especialmente na reforma ao sistema de pensões, Alexis Tsipras pediu a todos os seus deputados para manterem-se “focados no nosso plano estratégico de saída da crise”, criticando a oposição pela falta de acordo na reunião entre líderes partidários do último fim-de-semana. Sobre as críticas destes, recorreu a uma expressão popular: “Os cães ladram e a caravana passa.”
Ainda na terça-feira, e já num discurso na Câmara de Comércio EUA-Grécia, Tsipras explicou a diferença do seu governo face aos anteriores executivos dos partidos do centro. “Ao contrário do que ocorria com os governos do PASOK e da Nova Democracia, que foram forçados a implementar um programa, o plano político deste governo não se limita à implementação do programa.”
in: “Dinheiro Vivo“, 2 dezembro 2015