Primeiro-ministro grego pediu extensão do resgate actual por alguns dias para a realização do referendo, a 5 de Julho. A votos irá a melhor versão que o governo grego terá conseguido negociar com os credores.
Alexis Tsipras não esteve com meias-medidas na declaração que fez aos gregos para justificar o avanço para referendo das propostas dos credores. A votação vai decorrer já a 5 de Julho, domingo.
“Depois de cinco meses de duras negociações os nossos parceiros, infelizmente, acabaram por apresentar uma proposta que era um ultimato contra a democracia grega e o povo grego. Um ultimato que vai contra os princípios fundadores e os valores da Europa. Os valores comuns à construção europeia”, explicou o primeiro-ministro grego na declaração ao país da noite de sexta para sábado.
“Foi-nos apresentado um ultimato, cabe agora à histórica responsabilidade do nosso país e povo responder a este ultimato”, reforçou ainda, apelando à participação dos gregos na votação. Tsipras explicou ainda que os líderes de França e Alemanha e do Banco Central Europeu foram informados da decisão, tendo o primeiro-ministro grego pedido ainda uma “extensão do resgate actual por alguns dias para que este processo democrático possa ocorrer”.
“Estas propostas, que violam claramente as regras europeias e os direitos básicos como emprego, igualdade e dignidade, mostram que o objectivo de alguns dos parceiros e instituições não era um acordo viável para todas as partes, mas possivelmente a humilhação de um povo inteiro”
Nos últimos dez dias, os líderes e os ministros das Finanças dos países da zona euro, assim como os representantes dos credores da Grécia, FMI, BCE e CE, têm estado em extensas reuniões e negociações na procura de um acordo com mais medidas de austeridade para a Grécia. Os credores e Atenas, porém, não conseguiram chegar a um entendimento, com os gregos a queixarem-se por mais que uma vez de que estavam a ser ameaçados e encostados à parede.
Assim, o que irá agora a votos será a melhor versão que o governo grego terá conseguido negociar com os credores, incluindo uma austeridade de oito mil milhões, que envolve aumentos de impostos e de contribuições nas reformas ou revisões alargadas dos produtos com 23% de IVA.
“Estas propostas, que violam claramente as regras europeias e os direitos básicos como emprego, igualdade e dignidade, mostram que o objectivo de alguns dos parceiros e instituições não era um acordo viável para todas as partes, mas possivelmente a humilhação de um povo inteiro”, acusou Tsipras.
O primeiro-ministro grego reforçou ainda a “humilhação e chantagem” de que os gregos têm sido alvo, relembrando a “interminável espiral da austeridade auto-destrutiva”. Assegurou por fim, e em relação ao referendo, que respeitará “o resultado seja ele qual for”.
Tsipras falava à saída da reunião de emergência com o seu governo, tendo muitos ministros falado igualmente, apontando na maioria dos casos que não apoiam “as medidas bárbaras” que estavam a ser exigidas à Grécia. Panagiotos Lafazanis, ministro do Desenvolvimento, apelou mesmo directamente ao voto contra a proposta.
in: ionline, 27 Junho 2015