Companhia aérea admitiu e formou 350 tripulantes de cabina até Agosto último para reduzir ao mínimo os voos de tripulação reduzida
A TAP foi obrigada a realizar um total de 2249 voos no ano passado com a tripulação mínima a bordo, qualquer coisa como seis voos por dia, um valor que deve ser comparado com a média de 212 voos diários realizados pela companhia em 2013.
Apesar dos valores médios para o ano, é de referir que a tendência de voos com tripulação mínima foi especialmente sentida no segundo semestre do ano passado. Se até Junho de 2013 a transportadora registou apenas 109 voos com tripulação reduzida, a partir de Julho e até Dezembro foram 2140 os voos nessas condições, segundo dados da TAP fornecidos ao Ministério da Economia. Estes dados mostram um ligeiro aumento da taxa de absentismo também no segundo semestre, de uma média mensal de 13,4% para 15,8%, sendo essa a justificação dada pelo ministério para o crescimento dos voos com tripulação reduzida na TAP. A falta de tripulantes em 2013, dizem, “decorre do aumento do absentismo”, “nomeadamente a curto espaço da realização dos voos”.
Os dados surgem em resposta a um requerimento do Bloco de Esquerda a questionar a falta de tripulantes de cabine na TAP e o impacto desta situação na segurança dos voos. Sobre isto, o ministério salienta que “é incorrecto concluir que tal [tripulações mínimas] belisca a segurança”, já que o Acordo de Empresa da TAP impõe equipas com um total de tripulantes “superior ao exigido por lei”.
Mas, como acontece muitas vezes nestas questões ao governo, o ministério opta por ignorar algumas, como o pedido do BE para conhecer a comparação dos custos de distribuir senhas de refeição aos passageiros dos 2140 voos da TAP em que não houve serviço de bordo e o custo de ter uma equipa adaptada ao tamanho da operação. Isto porque a transportadora entrega um vale de dez euros a cada passageiro nos voos sem serviço – imaginando uma média de 150 passageiros em cada um dos 2140 voos sem serviço, falaríamos de 3,2 milhões de euros em senhas de refeição em 2013. Sobre isto o governo diz apenas “que os títulos de refeição entregues aos passageiros não se subsumem [ sic] num problema de custo”. O ministério salienta ainda que “no final do ano transacto a TAP abriu concurso para a contratação de novos tripulantes”.
Contactada pelo i, a TAP referiu que em Outubro de 2013 “foi aberto concurso para admissão de tripulantes”. Desde então e até Agosto, “foram já admitidos, formados e já estão a trabalhar mais de 350 novos tripulantes de cabina”. Um total de admissões “que permitiu que não se registassem este ano voos com tripulação mínima”, salvo excepções pontuais. A companhia, caso venha a concretizar novo reforço da frota de aviões, deverá abrir mais concursos de admissão de pessoal.
in: Jornal i, 19 Setembro 2014