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Oi e PT vão sobrevivendo à conta de rumores em que TIM é presa e depois predador

Há 15 dias a Oi ia comprar a TIM. Agora, afinal é a TIM que vai comprar a Oi. Lógica? Acções não param de subir sem razões operacionais que o justifiquem

No final de Agosto, a Oi, empresa brasileira que absorveu os activos da Portugal Telecom, ia comprar a TIM, operadora brasileira detida pela Telecom Itália. Na altura, a Oi até confirmou ter contratado o banco BTG para “desenvolver alternativas para viabilizar proposta para a aquisição da participação detida indirectamente pela Telecom Itália [67%] na TIM Participações”.

O resultado foi rápido mas só na bolsa: as acções da Oi dispararam 17% em dois dias e as da PT, agora uma mera ramificação da empresa brasileira, subiram 6% pelo efeito de contágio da valorização da sua dona. A especulação tomou conta dos mercados, valorizou as empresas e estas não mais viram as acções sair dos patamares a que o rumor lhes levou. Até que ontem o superaram, graças a novo rumor.

Agora a ideia é a oposta: afinal a Telecom Italia é que está a estudar comprar a Oi através da TIM Participações. A notícia foi avançada pela Bloomberg, citando “três pessoas familiares com o assunto”, que pediram anonimato pelo facto das negociações serem privadas. Privadas menos em relação às informações suficientes para provocarem nova ronda de especulação bolsista. Desta feita a Oi subiu perto de 12% e a sua subsidiária PT subiu mais 9%. Assim, 15 dias e dois rumores depois, a operadora liderada por Zeinal Bava, a Oi, valorizou 30% sem razões operacionais que o justifiquem, tal como a PT, que nestas duas semanas subiu 24%.

A alimentar estes rumores – e a subida artificial do valor das acções das operadoras – está a indefinição do mercado brasileiro de telecomunicações, que continua a saltar de concentração em concentração para o fechamento da concorrência. A TIM e a Oi são os elos mais fracos daquele mercado: a primeira porque só tem uma presença relevante no sector móvel e a segunda porque está longe de ter capacidade de ambicionar por um lugar pelo menos no pódio do sector. A Oi está ainda afogada em perto de 16 mil milhões de euros de dívida líquida e a sua situação operacional não está muito melhor.

Condenada à quarta posição do sector móvel – a 19 milhões de clientes da Claro e a quase 30 milhões da Vivo, a líder -, a Oi não tem conseguido inverter a tendência de perda de quota em que caiu desde 2009, passando de 20,7% para 18,5% em Julho último. No segundo trimestre deste ano a operadora registou perdas de 73 milhões de euros e foi agora confrontada pela compra pela Telefónica da GVT – que detém 13% de quota na banda larga, valor suficiente para levar os espanhóis para a liderança deste mercado no Brasil. Este facto, aliado com a força da Claro, da América Móvil, dona de 31% de quota na banda larga e 25% do mercado móvel, fazem do futuro da Oi algo sombrio. O negócio forte da Oi é a liderança do telefone fixo no Brasil, um ramo não só muito menos valioso mas também onde a operadora de Bava está cada vez mais ameaçada pelas outras operadoras – perdeu 5 pontos de quota desde o início de 2013, para 37%. A Oi e a TIM precisam assim de soluções para a posição difícil em que se encontram no mercado, motivo mais que suficiente para os mercados comprarem tantos rumores. Accionistas e gestores agradecem.

in: Jornal i, 17 Setembro 2014

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