Reflexão: Radical

A palavra “radical”.

“Que ou quem se encontra distante do que é considerado normal ou tradicional. [Política]   Que ou quem é partidário do radicalismo. = RADICALISTA; Que é drástico ou brusco. [Política]  Que quer reformas absolutas em política.”

Há algo que não percebo no actual panorama ideológico português.

Ora, alguém defender um corte nos juros que pagamos pela dívida pública exorbitante é radical mas cortar nos subsídios de maternidade e doença, por exemplo, ou nas pensões e salários a partir de 600 euros, não é?

Radical é achar que a dívida pública já devia ter sido reestruturada há muito mas tentar violar a Constituição todos os anos sem excepção não é radical?

E entre estas duas premissas, qual considera radical? 1) cortar no subsídio de desemprego até que valha menos que o salário mínimo ou 2) vender a EDP aos chineses comprometendo-se a não atacar [como deve ser] as rendas excessivas do sector.

Ora, e defender uma discussão ampla sobre a saída do euro é radical mas ter metade da Europa a empobrecer e a Alemanha a acumular excedentes de tal forma elevados que até viola leis, não é radical?

E quanto àquela ideia – que por acaso é a base do sistema actual – de achar que é possível que todos os países cresçam todos os anos ad infinitum não é radical?

Já agora: temos a 12ª maior reserva de ouro do Mundo – em toneladas(!) – que, medido em “Percentagem do PIB”, é só e apenas a maior do Mundo. Radical é achar que parte deste ouro pode ser vendido? E quanto a vender empresas públicas ao desbarato até ficarmos sem empresas sem que a dívida baixe – como tem acontecido nos últimos 20 anos – não é radical?

Repito: Portugal, o 80º país em termos de população, tem a 12ª maior reserva de ouro do Mundo em toneladas. É como se em termos populacionais tivéssemos 100 milhões de habitantes… Não digo para vender tudo ao desbarato mas quer dizer: é mesmo preciso ter 20 ferraris na garagem quando não temos onde cair mortos e já vendemos quase todo o recheio da casa?

12 Novembro 2013