O consumo e a actividade económica estão a cair a um ritmo menos elevado que em 2012, mas ainda continuam a piorar

Os indicadores de actividade económica e do consumo das famílias compilados mensalmente pelo Banco de Portugal continuam a aparentar sinais de melhoria face ao comportamento registado ao longo de 2012. A melhoria, contudo, é relativa: no fundo, a actividade económica e o consumo continuam a piorar, aumentando a contracção global de ambos, mas o ritmo da queda é inferior ao do ano passado – que, todavia, foi o pior de sempre.

Segundo os dados ontem divulgados pelo Banco de Portugal, em Agosto, a actividade económica no país recuou 0,5% face a Agosto de 2012, mês em que a actividade económica, comparada com a de Agosto de 2011, já tinha recuado 3,2%. Não é, assim, de estranhar que em Agosto último se tenha registado o melhor comportamento homólogo mensal desde Abril de 2011. Se em 2012 o recuo da actividade económica chegou a níveis nunca antes vistos, era difícil fazer pior.

O mesmo acontece com o indicador do consumo privado, também divulgado ontem pelo Banco de Portugal. Depois de várias rondas de austeridade directamente apontadas ao rendimento dos trabalhadores e pensionistas, em 2012 as quedas mensais do consumo foram sempre superiores a 5%, razão pela qual este ano – que é comparado com os números de 2012 – há uma aparente melhoria: de Janeiro a Agosto de 2013, as quebras homólogas mensais ainda não superaram os 5%, estando antes em desaceleração. Em Agosto último, por exemplo, o consumo apenas recuou 1,6% face ao mesmo mês de 2012. Isto quer dizer que, mesmo em comparação com o período de maior impacto da crise – quase todo o ano de 2012 -, o consumo continua a afundar…. mas menos.

Bater no fundo em Agosto? Desde Janeiro deste ano que há reduções mensais no ritmo da queda da actividade económica e do consumo das famílias em Portugal. A evolução mensal dos indicadores, aliás, aponta para que a economia portuguesa tenha batido no fundo ao longo do mês de Agosto passado, já que, considerando o ritmo de desaceleração das quedas, tudo indica que, em Setembro, os indicadores do Banco de Portugal já mostrem uma evolução mensal positiva, tanto no consumo como na actividade económica global. Se em Janeiro o consumo tinha caído 4,6% e a actividade económica recuado 2,1%, agora em Agosto a queda já foi de 1,6% e 0,5%, respectivamente. Este ritmo de abrandamento da queda, a manter-se, levará a que, quando da divulgação dos indicadores de Setembro – daqui a sensivelmente um mês -, o Banco de Portugal já evidencie variações positivas.

in: Jornal i, 21 Setembro 2013