Número mágico para sobreviver no escalão maior são 26 pontos e ir à Europa exige no mínimo 46 pontos
É o lugar mais disputado da primeira liga portuguesa. Nos últimos seis anos, calhou a seis clubes diferentes: Guimarães, Benfica, Porto, Sporting, Braga e Paços de Ferreira, por esta ordem. Garantir o terceiro lugar – que agora dá acesso à pré-eliminatória da Liga dos Campeões – é o luxo pelo qual há mais concorrência: nem o primeiro lugar, nem o acesso à Liga Europa, nem a manutenção na liga maior do futebol mudou tantas vezes nos últimos sete anos – desde que a liga se disputa a 16 clubes. Neste período, só houve um repetente no 3.o lugar: o Benfica de 2006/07 e de 2008/09.
E o que exigiu a liga a todos estes clubes para chegarem ao terceiro lugar? Em média foram precisos 58 pontos, perto de dois terços dos pontos que um clube disputa no campeonato. Chegando a essa fasquia, só por uma vez não se ficaria no pódio nos últimos sete campeonatos: em 2011/12, quando o Sporting ficou em 4.o lugar com 59 pontos.
Para o acesso à Liga Europa, as contas são diferentes. Em sete anos, a honra de garantir o 5.o lugar, que dá o último carimbo europeu, coube por três vezes ao Marítimo, a última das quais em 2011/12 – repetindo o feito de 2007/08 e de 2009/10. Além das três vezes do Marítimo, no último lugar de acesso à Liga Europa encontramos também o Estoril, Guimarães, Braga e Belenenses, este último na primeira época com 16 clubes, em 2006/07.
Nesta competição, as exigências baixam 12 pontos em relação ao lugar de bronze na liga. O último lugar de acesso à Europa exigiu desde 2006/07 uma média de 46,3 pontos, valor suficiente para conquistar o quinto lugar nas sete edições da liga analisadas – os 46 pontos teriam sido suficientes mesmo em 2008/09 e em 2011/12, quando o 5.o lugar fez 50 pontos, isto porque o 6.o classificado ficou-se pelos 45.
Fechar o campeonato com 46 pontos, exige aos clubes obter positiva na relação entre pontos disputados/pontos conquistados, devendo assegurar para si pouco mais de 5 pontos em cada 10 pontos que disputam (51,4% de taxa de aproveitamento).
Já no último terço da tabela, as exigências são mais fáceis de calcular. O número mágico em todas as épocas analisadas é 26 pontos, fasquia suficiente para escapar à descida nos últimos sete campeonatos. O Setúbal é o recordista da salvação, tendo ficado por três vezes em 14º – 2006/07, 08/09 e 09/10. Além dos sadinos, também Olhanense, Rio Ave, Leixões e Académica já fecharam as contas da época no “resvés Campo de Ourique”. Foram precisamente os estudantes que conseguiram o melhor desempenho entre os clubes que foram ficando no 14.o lugar, terminando a época de 2010/11 naquela posição apesar dos 30 pontos – os 26 teriam sido suficientes, já que o Portimonense acabou por descer de divisão com apenas 25 pontos conquistados.
Para sobreviver no escalão maior do futebol português é, assim, necessário angariar em média 3 pontos em cada 10 pontos disputados, já que os 26 pontos de fasquia representam uma taxa de aproveitamento de pontos de 29,2%. Mas a tarefa é mais difícil do que parece: em média, os três últimos classificados lutam ao longo de 30 jornadas por 11% do total de pontos distribuídos num campeonato (nos últimos anos os três últimos classificados asseguraram em média 71 em 653 pontos) e a sobrevivência na liga exige conquistar 37% desse pequeno bolo dos mais pequenos.
in: Jornal i, 17 Agosto 2013
Ver também: “Raio X. Há duas linhas que separam os 3 grandes“