A Portugal Telecom (PT) fechou as contas de 2012 com uma quebra de 32% nos lucros, que passaram de 339,1 milhões de euros em 2011 para 230 milhões no ano passado. A operadora justificou a redução com a inexistência de tantos encaixes extraordinários como os ocorridos em 2011, ainda que o mau comportamento do mercado interno e o aumento do imposto pago pela empresa tenha intensificado ainda mais a quebra nos lucros.
O arrefecimento do mercado português, culpa da austeridade, da crise e do empobrecimento da população, fez com que as receitas do grupo de Zeinal Bava em território nacional tenham caído 192 milhões de euros em 2012, qualquer coisa como 524 mil euros de vendas por dia. Ao contrário de outras empresas portuguesas, porém, a PT conta com uma forte actividade internacional que permitiu disfarçar parcialmente a queda no mercado interno. Se em Portugal as receitas caíram 6,6%, para 2,7 mil milhões de euros, no Brasil, onde a PT detém a Oi, estas dispararam 26,1%, ou mais 630 milhões, para 3 mil milhões de euros durante o ano.
Considerando todos os negócios, a PT acabou por aumentar as receitas 7,4% em 2012, para perto de 6,6 mil milhões. Além do Brasil, também as outras apostas internacionais da Portugal Telecom – Angola, Namíbia ou Cabo Verde, por exemplo – contribuíram positivamente para a evolução das receitas, com estas operações a trazerem mais 22,8% de encaixe ao grupo, cerca de 100 milhões de euros acima do registo de 2011.
Voltando às contas de Portugal da PT, nota-se ainda uma redução de 14,7% dos resultados operacionais – resultados antes de resultados financeiros, impostos -, que passou de 548,4 milhões de euros para 467,8 milhões em 2012. Já os custos da operação em território nacional também caíram, 5,5%, para pouco menos de 1,5 mil milhões de euros. O quase congelamento do programa de redução de efectivos da operadora justifica grande parte destas poupanças: a PT gastou apenas 2 milhões de euros neste programa o ano passado, contra os 36 milhões gastos ao longo de 2011.
PT paga mais 37% de IRC Em termos fiscais, destaque para o aumento dos impostos pagos pela empresa o ano passado. Apesar da quebra nos lucros, a PT pagou 148 milhões de euros de imposto sobre o rendimento, “correspondendo a uma taxa efectiva de imposto de 31,2%”, quando em 2011 tinha sido de apenas 20,4%. “Este aumento reflecte principalmente o impacto do aumento da taxa máxima de imposto aplicável em Portugal […] e maiores ganhos não tributáveis em 2011”, explica a empresa. De salientar por fim que a PT terminou 2012 com 100,4 milhões de clientes, a maioria dos quais na brasileira Oi, mais 7,4% que um ano antes.
Telefónica lucra menos 27,3% Ontem também a espanhola Telefónica divulgou os seus resultados anuais, anunciado uma queda de 27,3% nos lucros, para 3,9 mil milhões de euros. A empresa culpou o impacto das imparidades pela quebra, que atingiram os 2,5 mil milhões de euros na totalidade do ano.
in: Jornal i, 1 Março 2013