Autódromo do Algarve pede perdão de dívida de 40 milhões a credores

O perdão de 23 milhões de euros nos empréstimos contraídos junto do BCP e um “desconto” de 70% nas dívidas comuns do Autódromo Internacional do Algarve (AIA) são dois dos pontos do plano de recuperação do autódromo a apresentar esta sexta–feira, 2 de Novembro.

A recuperação do AIA, segundo o Processo Especial de Revitalização (PER) preparado pela Parkalgar, dona do AIA, passa pelo perdão de dívidas, juros e indemnizações, reescalonamento de prazos e opção a alguns credores de ficarem com apartamentos ou lotes de terreno para cumprir o pagamento da dívida. Prevê também a “entrada extraordinária de fundos no montante de 10 milhões”.

Este plano resultou “de um criterioso trabalho promovido pela Parkalgar, acompanhada pelo administrador judicial provisório”, e visa recuperar a empresa de forma a “garantir o interesse e a satisfação dos seus credores”, segundo diz Paulo Pi- nheiro, administrador da empresa, numa comunicação aos credores da Parkalgar.

A proposta de recuperação insere-se no programa Revitalizar, a que a empresa recorreu em Junho, programa que disponibiliza 220 milhões a empresas em dificuldades. “O recurso ao processo foi viabilizado pelos dois maiores credores da Parkalgar, o BCP e a Bemposta, para que a estabilização financeira proporcione a conclusão do projecto”, conforme especificou a dona do AIA em Junho. O processo corre no Tribunal de Portimão.

juros, dívida e dação Segundo o PER, a injecção de 10 milhões de euros na empresa visará retomar a construção da componente imobiliária do projecto e arrancar com o investimento no hotel, as grandes apostas para a viabilidade do AIA.

O segundo ângulo do plano passa pelo perdão parcial do capital em dívida, mas também por “perdões totais sobre juros e indemnizações reclamados”. O perdão de dívida foi aplicado “aos créditos comuns correntes”, com um “perdão de 70% do crédito reconhecido”, que baixam assim de 23,5 milhões de euros, para os 7 milhões. Posteriormente, “após análise aos créditos reconhecidos pelo administrador judicial”, sobram 160,7 milhões em dívida e juros “a ser objecto de reestruturação”.

Neste valor, o grosso dos créditos foram cedidos pelo BCP, com 117,4 milhões. Segundo os valores avançados, o banco deverá ver este valor reduzido para 94,3 milhões, já que um dos créditos totaliza 38,6 milhões e fica reduzido a 15,6 milhões, graças a perdões de 70% no capital em dívida e de 100% nos juros.

No total, o endividamento desce da casa dos 160 milhões para perto de 120 milhões de euros, vendo o capital que continua em dívida os prazos de pagamento dilatados, de 2 a 25 anos, conforme digam respeito a bancos, empreiteiros ou credores correntes. “Foram ainda introduzidos períodos de carência no reembolso de alguns créditos”, explica o PER.

dívida ao Estado Já o prazo de regularização da dívida da Parkalgar ao Estado será estendida por dez e 12,5 anos. No caso dos 318,2 mil euros devidos às Finanças, estes serão pagos em 120 prestações mensais nos próximos dez anos. Já os 295,3 mil euros devidos à Segurança Social serão pagos em 150 prestações.

O plano da Parkalgar, e já em termos operacionais, aponta também para “a redução dos custos fixos com pessoal” em 350 mil euros/ano, reduções que “passarão por uma racionalização de algumas despesas e de encargos com pessoal”.

Paulo Pinheiro, administrador da empresa, na comunicação aos restantes credores da Parkalgar, lembra-lhes que, caso estes queiram “integrar o grupo de credores que aprovam o aludido plano”, poderão preencher “a declaração” enviada em anexo na missiva, para que seja “junta ao processo no momento da junção do plano”. Caso não queiram, o voto contra deverá ser remetido ao administrador judicial provisório, explica.

in: Jornal i, 30 Outubro 2012

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