Só no mês de Fevereiro, o Metro de Lisboa perdeu quase tantos passageiros como em todo o ano passado. Se em 2011 a empresa registou menos 2 milhões de passageiros que em 2010 – passando de 182 milhões para 180 milhões de passageiros –, só em Fevereiro último o rombo na procura foi de 1,69 milhões de utentes (-11,5%). Isto quando Fevereiro até teve mais um dia.
A 1 de Fevereiro entraram em vigor os novos tarifários para os transportes, tendo o Ministério da Economia e do Emprego decidido fundir uma série de títulos e avançado com aumentos noutros. Só os passes monomodais para o Metro de Lisboa subiram 21,3% e os preços cobrados a estudantes e reformados saltaram entre 55% e 82%. Também foram registadas várias queixas de utentes quanto à dificuldade de continuar a comprar os títulos monomodais após esta revisão tarifária, tendo muitos passageiros sido empurrados para um novo título, que abrange mais modos de transporte mas é bem mais caro que os títulos até então utilizados por quem apenas precisa de usar o Metro ou a Carris – em Lisboa.
E se o agudizar da crise e do desemprego podem ser apontados como parcialmente responsáveis pela forte quebra na procura registada pelo Metro de Lisboa em Fevereiro, os valores referentes à procura em Janeiro deste ano parecem desmentir um pouco essa ideia.
Segundo os números avançados pelo Metro de Lisboa ao i, o ano até começou bem para a empresa. Em Janeiro foram registados 15,9 milhões de passageiros, mais 0,5% que em Janeiro de 2011, mês em que a empresa transportou pouco mais de 15,8 milhões de passageiros. Contudo, com a chegada dos novos tarifários veio a queda a pique: em Fevereiro último o metro transportou 13,1 milhões de passageiros, menos 11,5% que em Fevereiro de 2011, em que foram transportados 14,8 milhões de utentes – isto quando o governo estimava uma quebra de 5% na procura de transportes públicos com as revisões tarifárias de Fevereiro.
Considerando os dois meses, o Metro de Lisboa no primeiro bimestre deste ano transportou 29 milhões de passageiros, quando nos dois primeiros meses do ano passado tinha registado 30,6 milhões de utentes – uma quebra de 5,3% que se deverá acentuar ao longo do ano.
O i tentou saber junto da Metro de Lisboa qual a evolução das receitas da empresa com vendas de títulos e passes, não tendo sido possível obter esses dados. Em 2011, contudo, à redução de 1,1% na procura correspondeu um aumento de 6,8% nos proveitos.
O governo tem procurado através de sucessivos aumentos dos tarifários tornar as empresas de transportes sustentáveis. Contudo, uma quebra demasiado acentuada na procura deitará por terra esse objectivo.
in: Jornal i, 17 Abril 2012