Transtejo. ETE e Trandev apresentam em breve proposta para concessão
A parceria constituída pelo grupo português ETE – Empresa de Tráfego e Estiva e a francesa Transdev deverá ter pronta “dentro de um mês” a proposta para apresentar ao governo para assegurar a concessão das ligações fluviais do Tejo operadas pela Transtejo/Soflusa.
A previsão foi avançada por Gonçalo Delgado, administrador do grupo ETE, que, em declarações ao i, detalhou que a parceria ETE/Transdev prefere que o governo opte por uma concessão destas linhas a “médio a longo-prazo”, já que “há muito a fazer para estabilizar a empresa, resolver a conflitualidade laboral e motivar os trabalhadores a participar no projecto. Além disso, o grupo é deficitário, é preciso empenho e o nosso know-how para trazer tanto à empresa como aos passageiros valor acrescentado”.
Gonçalo Delgado adiantou também que ficar com esta concessão deverá obrigar a um investimento sobretudo no fundo de maneio das empresas, cronicamente deficitárias, razão pela qual o Estado não deverá receber qualquer verba pela concessão. Em alternativa, “os contribuintes vão poupar muito dinheiro”, assegura.
Uma auditoria do Tribunal de Contas divulgada no ano passado avançou que a Transtejo apresentava em 2009 um prejuízo de 1,69 euros por passageiro transportado e a Soflusa de quase 0,40 euros. Já em 2011, a Transtejo registou um prejuízo de 20,6 milhões de euros. As empresas terão perdido mais de 23 milhões de passageiros nos últimos dez anos.
“Ainda não temos o business plan final desenhado, mas já conhecemos os barcos que operam nestas ligações e os números da empresa que, comparados com outras empresas, dão-nos a clara noção que é possível dar a volta à empresa”, defende o responsável da ETE. Gonçalo Delgado revela ainda que a proposta que será apresentada pela ETE/Transdev não prevê qualquer tipo de “redução de ligações” e que um dos objectivos da possível futura concessionária será “potenciar as ligações existentes e trazer mais passageiros” para o transporte fluvial. Estancar a quebra na procura será essencial para depois “voltar a aumentar” a oferta da Transtejo/Soflusa.
Trabalhadores Em relação à força laboral da Transtejo/Soflusa, Gonçalo Delgado apontou que “é essencial trazer os trabalhadores para o projecto, para se encontrar em conjunto uma solução que dê a volta à empresa”. Avançar com uma reorganização de funções “em conjunto com os trabalhadores”, levará a que não sejam necessários “grandes ajustamentos” ao nível do total de colaboradores, ainda que assuma que “tenham que se avançar com renegociações e readaptações” no que toca às condições previstas nos acordos laborais da empresa.
Agora, para que esta concessão avance, o governo deverá avançar com o modelo proposto, sendo que a parceria entre a ETE/Transdev espera que não se registem grandes atrasos neste processo.
in: Jornal i, 13 Abril 2012