Goleadas, futebol e família

Opinião sobre os 25 anos dos 7-1

Ser benfiquista e dizer “o primeiro jogo que vi num estádio foi o 7-1” é puro masoquismo, mas é essa a minha história. Ainda no início desta época tive de recordar o pesadelo. O meu irmão levou o primogénito a estrear-se num estádio, mas o SCP ainda não estava “de volta” e o meu sobrinho saiu de lá com uma derrota. “Quando for mais velho diz-lhe que goze com o tio, que na estreia levou 7-1”, sugeri ao meu irmão.

De volta a 1986, tínhamos bilhetes para a bancada central. Eu e o meu pai (benfiquistas) mais o meu irmão (com quem acabei proibido de ver dérbis, à conta de altercações nas bancadas de casa da minha mãe). Um, três, cinco… Golos, golos e golos. Não percebia nada do que estava a acontecer. À minha volta estavam todos contentes e, na inocência dos meus oito anos, até devo ter festejado alguma coisa que não devia…

Ainda o marcador ia em 5-1 e o meu pai pegou em nós. “Vamos embora!”, disse, com cara de quem está a ser goleado. Já fora das bancadas, mas ainda no estádio: “Gooolo!” Estádio ao rubro. “Fomos nós que marcámos?”, perguntei ao meu pai. “Sim, fomos nós”, disse, como quem queria despachar-me. Mas o olhar do meu irmão mostrou-me que não… foi apenas mais um golo verde. Imagine o sorriso de um sportinguista que acabou de meter sete ao Benfica: era essa a cara. Mas passado o pesadelo veio a vingança – bem fria, como deve ser. 14 de Maio de 1994: um dos dias mais esperados pelo meu irmão. Fazia 18 anos! Independência. Liberdade. Amigos em casa, festa, copos e um dérbi para fechar “em beleza”. Adivinhe. Sporting 3-6 Benfica. O Dia da Independência do meu irmão arrasado pela sigla “JVP”. Priceless.

in: Jornal i, 14 Dezembro 2011

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