Salários de banqueiros na UE custaram 10,3 mil milhões em 2015

Contas da Autoridade Bancária Europeia pecam por defeito já que incluem apenas banqueiros que ganharam mais de um milhão durante 2015

in: Dinheiro Vivo, 13 fevereiro 2017

 

Os bancos europeus gastaram 10,3 mil milhões de euros só em salários e prémios para os seus principais gestores de topo, mais 71% do que os 6 mil milhões pagos em 2013 e mais 40% face aos 7,4 mil milhões de 2014. Os dados foram apurados pela Autoridade Bancária Europeia (ABE) já este mês e dizem respeito ao exercício de 2015.

Apesar da dimensão do valor, este ficará bastante aquém do gasto real dos bancos com os gestores de topo pois a ABE apenas compila dados sobre banqueiros que receberam mais de um milhão de euros em salários ou prémios em dado ano – os chamados high earners.

Em 2015, a ABE contabilizou 5 142 destes banqueiros milionários em 22 países europeus, um salto de 33% face aos 3 865 registados no ano anterior. Grande parte deste aumento, diz o supervisor, veio por culpa da evolução da libra ao longo de 2015, com a cotação da moeda a puxar muitos salários na City – onde ainda está a maioria da banca presente na Europa – para mais de um milhão depois da conversão.

Mas apesar deste efeito cambial, e se expurgarmos das contas os salários pagos no Reino Unido, a evolução foi no mesmo sentido ainda que menos pronunciada: a crise persiste, as margens estão reduzidas a mínimos mas há cada vez mais banqueiros milionários. Sem contar com o Reino Unido, o total de high earners nos restantes 21 países considerados passou de 938 para 1009 de 2014 para 2015, um crescimento de 7,6%, tendo as instituições gasto 1,84 mil milhões de euros com estes gestores – mais 13%.

Destes números, percebe-se por um lado a enorme concentração de grandes bancos na City londrina, mercado que concentrou 80% dos banqueiros milionários em 2015, mas também o porquê do “Brexit” ser uma enorme ameaça/oportunidade, dependendo se é britânico ou de um dos países que está a procurar aliciar estes mesmos bancos a mudarem-se para o seu território.

Tal como o Dinheiro Vivo escreveu na última semana, entre os banqueiros milionários contabilizados pela EBA, alguns estão em Portugal. De acordo com os dados desta autoridade, em 2015 houve 14 gestores bancários a levar para casa mais de um milhão de euros em remuneração fixa e variável, o dobro dos milionários da banca em 2013.

Variáveis pesam cada vez mais

Apesar das recomendações que vêm sendo transmitidas pela supervisão europeia, que pede uma postura “cautelosa e previdente” na definição de prémios, a componente variável continua a ser a principal cash cow dos gestores.

Segundo os dados recolhidos pela ABE relativos a 2015, dos 10,3 mil milhões pagos aos high earners da banca, 60% foram entregues à conta de componentes variáveis, ou seja 6,14 mil milhões. No ano anterior, em 2014, os prémios tinham respondido apenas por 56% do total. Olhando um pouco mais atrás, porém, nota-se que houve uma evolução significativa neste ponto: Naquele ano a componente variável respondia por 76% das remunerações totais pagas a banqueiros milionários.

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