Grécia. Divisão no governo pode abrir portas a eleições antecipadas

A aprovação turbulenta das medidas propostas por Tsipras no parlamento grego abriu a discussão:reformulação ou novas eleições?

Ao mesmo tempo que Alexis Tsipras foi cedendo e aproximando-se de todos os desejos dos credores europeus, o seu apoio no governo foi gradualmente diminuindo, algo que se tornou bastante visível na madrugada de sábado. A votação do pacote de austeridade de 13 mil milhões de euros pelo parlamento mostrou várias e crescentes fissuras no seio da coligação governamental grega. Por outro lado, os partidos moderados – de onde foram fugindo os eleitores gregos com o passar dos anos – aproximaram-se da posição de Tsipras, muito à conta das reuniões que foram tendo ao longo da semana com os responsáveis europeus, nomeadamente Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia. Na madrugada de sábado, mais de uma dúzia de deputados do Syriza votou contra ou absteve-se na votação da proposta de austeridade que o governo entregou a Bruxelas. Entre os que preferiram a abstenção, dois ministros e também a presidente do parlamento, Zoe Konstantopoulou, uma das mais acérrimas defensoras de Alexis Tsipras. Depois da sessão parlamentar que votou a austeridade, e apesar das altas horas da madrugada, o primeiro-ministro grego reuniu de imediato o seu gabinete para ponderar uma remodelação do governo.Uma solução que, contudo, poderá não ser suficiente. Eleições  Ojornal “Avgi”, associado a uma orientação pró-Syriza, abordou o tema ontem no  seu editorial, referindo que o executivo precisava não só de uma reformulação mas uma que aponte já para eleições a prazo:“Há, claramente, problemas por resolver relacionados com a recomposição do governo e na coligação da maioria, que apontem para novas eleições no devido tempo.” Ainda ontem, já ao início da noite em Atenas, também o porta-voz dos Gregos Independentes, parceiro do Syriza no governo, admitia a necessidade de mudanças, propondo mesmo que estas avancem “ainda esta segunda ou terça-feira”, em declarações citadas por Nick Malkoutzis, jornalista grego, no Twitter. É que, dado os últimos acontecimentos, estas divisões no parlamento e no governo grego só podem seguir um caminho:aumentar. Alguns ministros e líderes dos países da moeda única voltaram ontem a fazer um ultimato à Grécia, exigindo que até quarta-feira faça aprovar no parlamento as medidas que propôs e um conjunto de outras políticas que o próprio Eurogrupo fez questão de acrescentar. A ideia é tornar as propostas em leis no imediato e só depois – eventualmente, talvez, quem sabe… – se possam reabrir as negociações para o terceiro resgate. Mas como o conjunto das medidas que o Eurogrupo quer ver já votadas pelos gregos vão ainda mais longe do que as desenhadas por Tsipras, as divisões no parlamento e no governo tenderão a aumentar. Isto já para não falar do crescente ambiente de contestação contra o avanço de uma austeridade superior à que foi chumbada no referendo. O bloco anti-capitalista do Antarsya já prometeu uma vaga de manifestações para os próximos dias. Caso uma das intenções do Eurogrupo acabe por avançar – a transferência de 50 mil milhões de activos dos contribuintes gregos para o Luxemburgo para serem vendidos pelas instituições – a situação poderá complicar-se ainda mais, já que a medida implica um grau de perda de soberania que Alexis Tsipras sempre disse que não aceitaria. É contra o provável agudizar de tensões na Grécia que poderão entrar em cena os partidos gregos já proscritos pelos eleitores.  Oapoio assegurado pela Nova Democracia e pelo Pasok, centro-direita e centro-esquerda, respectivamente, asseguraram logo à partida que o pacote de austeridade passaria no parlamento. A Nova Democracia nas eleições deJaneiro assegurou 76 lugares e o Pasok 13, e provavelmente caberá a estes continuar a oferecer a Alexis Tsipras uma linha de apoio ao longo dos próximos dias e votações. Resta ver até quando. in: Jornal i, 13 Julho 2015

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