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Quantos dos teus euros, são lágrimas de Portugal?

A discussão a propósito do imposto sobre o património deve ser colocada no mesmo patamar do imposto sobre o subsídio de Natal: seria algo extraordinário, não recorrente, justificado pela grave crise. Neste pressuposto, não adianta descartar a hipótese só porque o imposto traria consigo o risco de fuga de capitais pois sendo “uma vez sem exemplo” não se criam incentivos para colocar o património na Micronésia.

Pondo a discussão no sítio onde deve estar – seria um acto único -, é difícil perceber o porquê de tanta resistência. Ou será que aumentar o IVA na luz e no gás apresentando tarifas sociais que nem protegem desempregados, aumentar todos os impostos, cortar a direito no rendimento disponível de toda a população, asfixiando o consumo que vale 2/3 da economia, faz mais sentido do que cobrar 0,55% a quem tem um pé de meia de milhões de euros?

Espaço agora para o segundo argumento contra o imposto. Alega-se que uma taxa sobre ricos só daria uns quantos milhões de euros porque há poucos ricos no país. “Uma gota de água para aquilo que o país precisa.” Respondo: 1) O governo antecipou o aumento do IVA na luz e gás já para Outubro para obter 100 milhões de euros este ano (0,06% do PIB); 2) Os aumentos dos transportes vão dar mais 26 milhões em receitas (0,15% da dívida dos transportes) . Duas “gotas de água” que apanham pobres, classe média e ricos. Uns mais que outros, claro.

in: Jornal i, 29 Agosto 2011

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