Geração sem reforma

A discussão sobre o aumento da idade da reforma, que desapareceu por completo das prioridades actuais, é um bom exemplo dos males que têm minado a democracia moderna. Apesar de ser uma inevitabilidade, os governantes continuam a adiar uma tomada de decisão. Sabem que quem o fizer perderá votos e mais vale deixar para o próximo. A idade da reforma vai ter de aumentar e quanto mais rápido, melhor.O pior que podemos fazer é adiar esta discussão. O preço é demasiado alto e vai ser cobrado a uma geração já demasiado castigada por erros dos seus antecessores – precisamente aqueles que chegam à reforma não tarda e que andam a adiar a discussão.

Falo de uma geração que está a estrear um novo paradigma, são os primeiros que vão viver com menos do que os seus pais e vão ser também os primeiros com uma esperança média de vida inferior à dos seus pais, que isto da crise intensa, cortes nos apoios e na saúde, alto desemprego e ritmos frenéticos para justificar salários longe do aceitável, vai cobrar um preço bem alto à saúde. Portanto, quando esta franja da população chegar à idade de reforma de hoje (daqui a 25 ou mais anos), não só vai ter de continuar a trabalhar, como já nem vai poder sonhar em ter uns bons anos de vida de reformado. Tudo porque os seus antecessores fizeram finca-pé para se reformarem aos 65 anos, ou menos, para viverem os seus anos dourados até aos 78/80. Às custas de quem? Dos filhos, a quem provavelmente vão pôr a trabalhar até morrer.

in: Jornal i, 15 Agosto 2011

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