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Tenho medo mas quero o Fundo

Imagine que a pressão sobre a dívida desaparece e deixa-se de falar do Fundo Europeu/FMI. “Vitória”, dirão alguns. Errado. Sim, sem FMI safamo-nos de uma dieta agressiva. Mas isso não quer dizer que não precisemos dessa dieta. 

O acumular de três décadas de dívidas e austeridade que em quase nada fizeram crescer o país deixou Portugal de rastos e um Estado que pede empréstimos para pagar salários. Agora, juntam-se as emissões com juros “insustentáveis” – expressão do governo – que nos vão deixar a seguinte herança: a partir de 2012, mais tardar 2013, vamos estar a desperdiçar 10 mil milhões de euros por ano em juros! Assim, para o lixo.

Em perspectiva: é como deitar fora mais do que gastamos por ano em Educação (7,2 mil milhões) ou em Saúde (8,8 mil milhões). E, sem ajuda, como vamos pagar tanta dívida e tantos juros acumulados? Com mais e nova dívida. Que traz mais juros. E mais dívida. Até que o mercado fecha a torneira a Portugal e a dieta que hoje o FMI traria virará dieta hardcore pelas mesmas mãos. Os cortes que hoje seriam de X, amanhã serão de X+1, e quanto mais adiarmos, pior. Especialmente quando a dieta kafkiana que agora estamos a fazer assenta em tesouradas na rede de segurança do país, e isso tem de ser o limite. Chegou a hora em que é obrigatório pensar a longo prazo e todos sabíamos que a factura teria de ser paga. Adivinhem que geração vai pagar (mais) isto?

 in: Jornal i, 19 de Março 2011

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