Paulo Azevedo manifestou ontem à noite a intenção de ficar apenas com uma quota de 50% no mercado fixo caso a OPA sobre a Portugal Telecom avance. Esta é mesmo «a moeda de troca» sugerida pela empresa aos reguladores nacionais para que a fusão TMN / Optimus
in: Jornal de Negócios, 31 de março de 2006
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Paulo Azevedo manifestou ontem à noite a intenção de ficar apenas com uma quota de 50% no mercado fixo caso a OPA sobre a Portugal Telecom avance. Esta é mesmo «a moeda de troca» sugerida pela empresa aos reguladores nacionais para que a fusão TMN / Optimus seja aceite, já que «será difícil manter a oferta actual sem as sinergias de custos conseguidas com esta fusão».
O líder da Sonaecom referiu que «não acredita» que a Vodafone se sinta «particularmente assustada» com o cenário de fusão.
«A solução que propomos é que em todos os segmentos existam dois operadores fortes, e com estrutura própria, a concorrer com próprios meios», afirmou Paulo Azevedo no final do jantar promovido pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), adiantando que a intenção da Sonaecom é, «em troca» do reforço no mercado móvel, «avançar para uma situação de quota de 50% no mercado fixo», que inclui internet, voz e TV cabo.
Segundo o presidente da Sonaecom a «introdução de concorrência não foi desenhada para que uma só empresa tenha cabo e cobre, e posições importantes ao nível dos conteúdos», não hesitando por isso em identificar a sua oferta pela PT, e o «desenho» que daí resultaria, como «mais saudável e com mais valor económico» para Portugal do que o actual cenários das telecomunicações.
Para Paulo Azevedo o «efeito globalmente positivo para o consumidor» previsto na proposta da Sonaecom justifica o «ok» da Autoridade da Concorrência e da Anacom à OPA, independentemente da situação de duopólio criada no mercado móvel.
«Acredito muito nisso», disse o líder da Sonaecom, que ainda duvidou que a Vodafone se sinta «particularmente assustada» com a fusão TMN / Optimus, deixando em aberto, porém, «que os inconvenientes podem ser acautelados». A abertura das redes aos operadores móveis virtuais «é uma possibilidade» disse Azevedo.
Ainda durante a sua intervenção no jantar promovido pela APDC o líder da Sonaecom voltou a criticar a opção da aposta na Vivo, ainda que indirectamente, ao referir que as apostas em operadores internacionais devem sempre ter em conta a semelhança tecnológica. Esta semelhança permite, depois, o acesso «à compra de terminais mais baratos, mais cedo, mais adaptados às necessidades, com mais volume para clientes» e também de toda uma série de «mesmos produtos para aplicar a um maior número de mercados» tudo sinergias que se reflectem nos custos e, logo, no consumidor. Na Vivo a tecnologia usada é a CDMA, e não a «comum» GSM, uma opção tem custado bastante caro à operadora brasileira.
Paulo Azevedo ainda vaticinou que os «próximos 3 a 4 meses serão passados de forma tranquila» no que diz respeito à OPA sobre a PT, não esperando assim o surgimento de uma oferta concorrente. Quanto ao prémio oferecido aos accionistas (2 mil milhões de euros) o presidente da Sonaecom definiu-a como «arrojada» e representativa de «uma fatia de leão da valorização da nova estrutura».