Duas décadas de impacto. BAI cresce, quando a sociedade cresce

Entre 2014 e 2019, o Banco Angolano de Investimentos investiu mais de 2,3 mil milhões de kwanzas em responsabilidade social, tendo ainda financiado vários projectos para reduzir as dependências da importação alimentar. Recentemente, o banco doou 10 mil milhões de Kz (mais de 12,9 milhões de euros) para o combate à Covid-19.

“O sucesso das empresas depende do sucesso das comunidades. Se um não prospera, o outro não pode prosperar.” As palavras são de Sérgio Calundungo, economista, que assim saudou as conclusões do Relatório de Impacto do Banco Angolano de Investimentos (BAI). Luís Lélis, presidente da Comissão Executiva do BAI, aproveitou para explicar a visão do banco: “Estar envolvido com as comunidades é uma questão de sobrevivência. Não podemos continuar a crescer sem que a sociedade também retire daí benefícios.”

Os dois especialistas falavam no webinar de apresentação do Relatório de Impacto, documento onde além da análise aos apoios de 2,3 mil milhões de kwanzas (Kz) investidos em acções de responsabilidade social, o BAI enaltece alguns parceiros e os apoios concedidos à produção local, um vector relevante da sua actuação. Preocupações apontadas no webinar como cada vez mais prioritárias. “As empresas do futuro são as que crescem sem comprometer o futuro”, sintetizou Calundungo. Luís Lélis detalha porquê: “Devemos investir agora ainda mais no desenvolvimento das nossas comunidades para obtermos os resultados a médio e longo prazo.”

Com a apresentação do Relatório de Impacto, o BAI procura sistematizar num único documento tudo o que tem procurado devolver às comunidades. E como resumir mais de duas décadas de actividade num relatório? “É uma fotografia muito minúscula dos primeiros 24 anos”, admite Luís Lélis. A fotografia, todavia, deixa claro que estamos perante um filme que continua a correr.

Apoio à comunidade local

O excesso de exposição da economia angolana ao petróleo e importações são dois dos problemas que o BAI tem apostado em ajudar a resolver nas últimas décadas. E começou dentro da própria casa, ao privilegiar anualmente cada vez mais bens e fornecedores de base local. Dos 29,4 mil milhões Kz gastos nesta rubrica no ano passado, 97% foram para bens e fornecedores locais.

Mas estes são problemas que exigem puxar pelo tecido angolano, daí que o BAI dê prioridade à diversificação e ao apoio a empresas cuja produção reduza a dependência do país de importações. “O BAI tem participado no fomento diversificado da produção nacional, apoiando empresas de diferentes sectores que concorrem à substituição de importações, de produtos com potencial de exportação, com capacidade de criar postos de trabalho e de impacto no desenvolvimento local”, detalha o presidente sobre a estratégia do banco – com um valor total de crédito concedido de 687 mil milhões de Kz. 

Exemplo dessa aposta é a Fazenda Girassol, dedicada aos hortofrutícolas, que encontrou a oportunidade quando bateu à porta do BAI. Foram 517 milhões de Kz até hoje. “O BAI não nos fechou a porta, na altura em que nós batemos, deu-nos a oportunidade, investimos e com isso geramos mais de 1000 postos de trabalho”, explica Constantino César, relações públicas. Também a Pérola do Kikuxi, de produção de ovos e frangos, é um dos casos de sucesso. Com o apoio do BAI, a empresa passou de 30 para 500 trabalhadores.

O projecto na aldeia de Osivambi [ver caixa] é, no entanto, um dos que melhor ilustra a visão de responsabilidade social e de sustentabilidade do BAI. Com o apoio do banco, construiu-se um centro escolar, um centro médico, uma igreja e alojamentos para professores e enfermeiros para servir uma comunidade de 6.000 pessoas numa área de difícil acesso. 

Aposta no capital humano

A preocupação com a sustentabilidade e o todo que o relatório mostra inclui igualmente os colaboradores do BAI. Seja pelas perspectivas de carreira, de homens e mulheres, ou pela evolução salarial certo é que os índices de satisfação indicam que a relação é benéfica.

A perspectiva de carreira no BAI, os benefícios, mas também a evolução das remunerações, fazem com que mais de 60% dos trabalhadores se diga motivado. “O investimento no capital humano é um grande diferencial do BAI, o que permite ter um grande índice de atracção e retenção de talentos e que, por via de políticas claras e transparentes e planos de desenvolvimento de carreira, podem ascender a funções de liderança em função da competência”, aponta Luís Lélis. Os quadros do banco contam com 44% de mulheres em cargos de gestão.

Uma outra componente importante nas carreiras do BAI passa pela formação profissional dos seus quadros. Segundo o relatório, em sete anos o banco investiu 2 043 mil milhões de Kz e mais de 624 mil horas dos seus colaboradores em acções de formação. Esta aposta na educação, contudo, não se cinge ao campo interno, sendo também uma aposta externa.

“Transformar gerações”

Ajudar o país a criar gerações cada vez mais bem formadas é o objectivo do banco. “Estamos a lançar as ‘pedras’ agora para que tenhamos as nossas populações com os níveis de desenvolvimento humano cada vez mais elevado e que consigam elas mesmas também contribuir para o seu desenvolvimento e das próximas gerações”, detalha Luís Lélis sobre a visão do BAI.

De acordo com o relatório, em 2019 o banco investiu um milhão de Kz em bolsas de estudo para famílias carenciadas, apoiando os melhores finalistas do ensino médio do país com 100 vagas nos cursos do Instituto Superior de Administração e Finanças. Um projecto onde a meritocracia dita as regras: “Há todo o rigor na concessão das bolsas, que passa pelo critério das médias e os consequentes exames de admissão e de obrigatoriedade de manutenção das médias em todos os anos, sob pena de se perder a bolsa”, diz Luís Lélis.

A aposta na educação e formação estende-se também aos parceiros do BAI, já que além de financiamentos ou garantias, o banco oferece regularmente o acesso a seminários e workshops. Um trabalho desenvolvido pela Academia BAI, um investimento de 75 milhões de dólares que em 2019 foi procurado por mais de 11 mil formandos. Esta aposta quer “dotar a banca e áreas financeiras, de formação local de alta qualidade para o desenvolvimento dos quadros nacionais”, refere o presidente do banco. Um investimento do BAI para todos os bancos: “São formados colaboradores de outras instituições e até concorrentes.”

Tendo ainda na identidade o desejo de ser um “banco verde”, o banco privilegia igualmente projectos ambientais. Internamente, o banco reduziu o consumo de electricidade em 34% de 2018 para 2019, sendo este um outro aspecto visado na “fotografia muito minúscula” registada pelo Relatório de Impacto. Um documento que permite ao BAI conhecer melhor as comunidades onde está inserido e encontrar o caminho a traçar em conjunto.

Assista ao vídeo do webinar de apresentação do Relatório de Impacto do BAI: https://www.youtube.com/embed/uasIerOpdf8

O BAI e o combate à Covid-19

“Estamos cientes que a crise causada pela COVID-19 está a ter efeitos negativos em vários sectores”, assume Luís Lélis, que assegura que no banco “incorporamos na nossa actividade diária a filosofia de que as nossas acções não devem apenas ter impacto interno ou gerar valor para os accionistas, colaboradores, mas para a sociedade”. Até ao momento, o BAI já contribuiu com dez mil milhões de Kwanzas para acções de prevenção e combate à COVID-19 em Angola, num envolvimento em que também participaram o BAI Europa e o BAI Cabo Verde. O BAI foi igualmente lesto a criar “todas as condições de biossegurança para os nossos colaboradores”, assegura o Presidente da Comissão Executiva​ da instituição. 

“A nossa filosofia é procurar acções que criem efeito multiplicador”

Luís Lélis, Presidente da Comissão Executiva do BAI


Quais as lições que este relatório permite tirar para os próximos 25 anos?

Temos consciência de que para ganharmos proporções significativas, os investimentos têm que capitalizar durante muitos anos até atingirem níveis de desenvolvimento sustentáveis; as comunidades darem os passos pelos seus próprios pés.

O projecto Osivambi é o que melhor mostra a visão do BAI para a responsabilidade social?

Osivambi de facto incorpora a visão de responsabilidade social e de sustentabilidade do BAI. A filosofia da nossa actividade é de que as nossas acções criem um efeito multiplicador, como no caso da Aldeia Osivambi, que era uma zona isolada e o investimento na escola e no posto de saúde, por exemplo, também teve impacto na vida das comunidades circunvizinhas que igualmente passaram a beneficiar de educação e cuidados de saúde.

A aposta no capital humano é uma das facetas que mais distingue o BAI?

O capital humano é o maior activo que o Banco tem e esta nossa filosofia foi alavancada em 2012, com o lançamento da Academia BAI, um investimento de 75 milhões de dólares.

A Academia BAI já formou perto de 22 mil jovens desde a sua criação. Foram mais de 2 milhões de horas de capacitação profissional nas áreas financeiras, de TI, entre outras. A Academia BAI tem também um importante programa de Bolsas de Estudo BAI, que se destina a jovens de todo o País, com mérito académico, sendo que estão disponíveis anualmente 100 vagas nos cursos de licenciatura do Instituto Superior de Administração e Finanças.