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“Oh say can you see” como se joga hóquei aqui?

Cenário: Opening night da NHL,Filipe Paiva Cardoso levou a irmã ao show que é ver desporto em solo americano. Houve bombeiros homenageados, Blue Man Group, sete golos e muita pancadaria. “Oh say can you see…”

Opening Night 2009/10

“Let’s go Rangers”, “Let’s go Rangers.” Ou, na métrica: Lets/Go/Ran/Gers. Tum; tum; tum-tum-tum. 3 de Outubro de 2009. New York Rangers – Ottawa Senators ou, se preferir, Senators – Rangers, já que ali as coisas são ao contrário: “Os Senators vão a casa dos Rangers” e não “os Rangers recebem os Senators”, como por cá.

Os bilhetes, comprei em Maio. “New York tickets sports”, escrevi no Google. Entre NHL, MLB, NBA ou NFL – hóquei, basebol, básquete ou futebol americano –, alguma coisa havia de arranjar. Mesmo que distraído com os concertos marcados para o Madison Square Garden (MSG) enquanto íamos estar por lá – Pink, Blink-182 e Lynyrd Skynyrd –, ofereci à minha irmã Inez uma ida ao fantástico mundo do desporto americano – a viagem a NY era dela, que tinha acabado a parte bolonhesa do curso, eu é que me colei.

 “A primeira jornada da NHL é no MSG, isto quando estamos no Penn [hotel a três metros do MSG]. Está decidido.” E assim foi. “Ora… Dois lugares, um sítio decente onde se veja o disco… Quanto!? Oh well… seja.” Ficámos a meio: a meio do campo e no anel do meio. Preço? Foram ‘mete-no-Visa’ euros.

Agora imaginem. Um dia inteiro a passear pela cidade: Brooklyn Bridge, High Line, Whitney Museum, Cooper Union e New Museum of Contemporary Art.Nunca tinha ouvido falar de alguns destes sítios, mas sorte a minha ter uma irmã arquitecta que me mostrou outra NY… e finalmente aterrar no hotel. Depois pensar: “Uff… ainda temos uma missão, ir ao jogo…” Nada mais fácil: chamar elevador, rés-do-chão. Sair do hotel. Olhar para a direita. Atravessar a 33. Chegámos.

O Madison é algo impressionante. Em dia de jogo parece um centro comercial dedicado à equipa que joga. Tem bar para o “pós-jogo”, uma série de lojas e é tudo ordeiro e calmo. E como ‘em Roma sê romano’, toca a comprar uma camisola dos Rangers. “Do seu tamanho só tenho o Dubinsky.” Quem será este gajo? O problema de mal conhecer um desporto é que corri o risco de estar a comprar a camisola do ‘Bruno Caires’ do Rangers, ou algo por aí. Mas lá comprei.

Guns N’ Roses, The Who, Pearl Jam. Foram as bandas que iam dando no Madison enquanto as equipas aqueciam.“Ladies and Gentlemen, the NYR are proud to introduce the New York Fire Department.” Pimba. Madison vem abaixo. Um bombeiro qualquer tinha salvo uma criança qualquer de um fogo qualquer. Loucura total. Homenagem merecida. Palmas, palmas. Logo a seguir? “Oh say can you see, by the dawn’s early light…” Ui. Bombeiro homenageado, agora o hino. Há cinco minutos no recinto e até eu já me sentia mais patriota que sei lá o quê. Depois de toda esta emoção, como apresentar a equipa sem desiludir? Um miniconcerto dos Blue Man Group resolveu isso: som, luz, muita percussão. Suficiente para que, ainda antes o jogo, já esteja tudo altamente motivado. Bandeiras americanas por todo o lado, “U-S-A!”, “U-S-A!”,“U-S-A!”

Sentado ao meu lado um nova-iorquino, dono de um bilhete para a época. “Então, são vocês que vão passar a época comigo?”; “Somos turistas…”; “Oh, e são de onde?”… E pronto, lá tivemos conversa – “Já fui os Açores.” De repente ouço vaias. “Buu! Buu!” Dirigidas a quem? Ao ‘meu’ Dubinsky, claro. E eu com a camisola dele. “Estão a vaiá-lo? Mas ele mal tocou no disco”; “Não estão avaiá-lo, are you crazy?” E explicou-me que o “Bu!” que ouvi era um “Du! Du!” É um dos melhores, explica-me. Logo a seguir ao Lundqvist, o guarda-redes dos NYR.

Os Rangers ganharam por 5-2, com direito a dois golos de Dubinsky, eleito o melhor em campo – como não poderia deixar de ser, afinal, nos EUA tudo é um filme. E para ajudar ainda mais ao nosso filme, nada como uma boa sessão de pancadaria: final do jogo, “perdido por cinco, perdido por mil” e eis que um Senator se pega com um Ranger. Telemóvel em riste, vídeo, gravar. Pronto, com tanta bandeira dos EUA à minha volta, acabei a aplaudir a troca de socos. “Yeeahh!!” Nada a fazer. Quando em Roma…

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